Foto: Gabriela Biló/Estadão
Bolsa de Valores 02 de outubro de 2020 | 20:30

Bolsa brasileira cai 1,5% com atrito entre Marinho e Guedes e queda do petróleo

economia

A Bolsa brasileira não resistiu à queda dos índices globais com o diagnóstico de coronavírus do presidente americano Donald Trump e acompanhou a tendência após operar em alta pela manhã.

O Ibovespa fechou com desvalorização de 1,5%, a 94.015 pontos, após críticas entre os ministros Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Paulo Guedes (Economia) e queda de mais de 4% no preço do petróleo.

Em evento fechado a analistas e economistas em São Paulo, Marinho disse que o programa Renda Brasil, possível substituto do Bolsa Família, vai sair, resta saber se será da melhor maneira ou da pior —o que foi interpretado como uma disposição do governo de violar a regra do teto de gastos.

Ao tomar conhecimentos dos comentários, Guedes rebateu as críticas, chamando o colega de despreparado, desleal e fura-teto.

Investidores temem o financiamento do programa fora do teto de gastos e sem cortes em outras áreas, o que pioraria a situação fiscal do país.

O aumento do risco fiscal levou os juros futuros a uma nova sessão de forte alta. O juro para janeiro de 2025 saltou 4,4%, de 6,5% para 6,8%. Na segunda (28), com o anúncio do Renda Cidadã e da proposta de financiá-lo com recursos de precatórios e do Fundeb (fundo para educação básica), o juro para janeiro de 2025 saltou 6,3%.

O dólar fechou em leve alta de 0,2%, a R$ 5,66, maior valor desde 5 de maio. O turismo está a R$ 5,81. Na semana, marcada pela preocupação fiscal, a moeda acumulou alta de 1,9%.

Já o Ibovespa caiu 3% na semana, a pior desde maio.

“O movimento foi provocado pela crescente aposta de aumento de juros no começo do ano que vem e mostra todo esse receio do mercado. O investidor parece que não quer ‘dormir comprado’ diante deste risco”, afirma Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

Neste pregão, ao índice foi puxado por Petrobras. As ações preferenciais (mais negociadas) da estatal caíram 4,2%, a R$ 19,02 e as ordinárias (com direito a voto), 3,9% a R$ 19,18.

A queda seguiu a desvalorização dos preços internacionais de petróleo. O barril de Brent (referência internacional) recua 4,6%, a US$ 39,03, ao fim do pregão, menor valor desde 28 de maio.

O preço da matéria-prima é pressionado pela incerteza dos mercados nesta sexta e um aumento na produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) em setembro. Além disso, analistas veem uma menor demanda com o avanço do coronavírus na Europa.

Com a notícia de que o Trump está com Covid-19 e entrou em quarentena a 32 dias da eleição americana, as principais Bolsas globais fecharam em queda.

Investidores se preocupam com o rumo da campanha de Trump contra o democrata Joe Biden, o que levou a Nasdaq, Bolsa de tecnologia dos EUA, a cair 2,2% e Dow Jones, 0,5%. S&P 500 teve queda de 1%.

A Bolsa de Tóquio caiu 0,7% e a da Austrália, 1,4%. Os mercados chineses permaneceram fechados devido a feriado local.

Na Europa, a Bolsa de Frankfurt caiu 0,3%, Paris fechou estável e Londres subiu 0,4%. O índice Stoxx 600, que reúne as principais empresas da região, teve alta de 0,25%.

Folhapress
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