Foto: Dida Sampaio/Estadão
O ministro da Economia, Paulo Guedes 26 de novembro de 2020 | 19:45

‘Não existe eu no Ministério da Economia e Campos Neto não estar no BC’, diz Guedes sobre atritos

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, conversaram por telefone na manhã desta quinta-feira, 26, depois de Guedes questionar o plano de Campos Neto para recuperar credibilidade dos investidores quanto à sustentabilidade das contas públicas.

“Não existe eu no Ministério Economia e Campos Neto não estar no BC”, disse Guedes ao Estadão. Segundo Guedes, Campos Neto deixou claro que estava pedindo apoio ao programa de reformas fiscais ao dizer que é ponto-chave para o Brasil “conquistar credibilidade com um plano que dê uma clara percepção aos investidores de que o País está preocupado com a trajetória da dívida”.

“Ele (Roberto Campos Neto) deixou claro para mim o que eu já sabia: que estava tentando ajudar e pedindo apoio para aprovar o plano fiscal que está lá no Congresso”, disse Guedes. O ministro disse que tem “imenso apreço pessoal” e “enorme admiração” pelo presidente do Banco Central. Guedes disse que tem “zero” descontentamento com Campos Neto e que ele está fazendo um “belíssimo” trabalho no comando do BC. Guedes fez questão de ressaltar que, desde a transição, os dois trabalharam juntos na definição do plano econômico do governo Bolsonaro.

Segundo Guedes, o depoimento de Campos Neto nas mensagens ao telefone foi de que em nenhum momento o criticou, mas ao contrário: estão unidos em favor da aprovação das reformas, como as propostas do pacto federativo (que prevê uma nova divisão da arrecadação entre União, Estados e municípios) e emergencial, que estabelece os chamados “gatilhos”, medidas de corte de despesas, focadas principalmente no funcionalismo. “Medidas importantes que estão no Congresso há meses. Elas precisam ser aprovadas para que o Banco Central não seja obrigado a subir os juros”, explicou o ministro.

As propostas de emenda à Constituição (PECs) do pacto federativo e emergencial foram entregues ao Congresso junto com um texto de extinção de fundos públicos, para gerar caixa, há um ano, em um plano chamado “Plano mais Brasil”. A tramitação, no entanto, ficou travada no Senado desde então. Neste ano, em setembro, o governo enviou uma proposta de reforma administrativa, que pretende alterar as regras do RH do serviço público. Um acordo para a reforma tributária, de simplificação no pagamento de impostos, está sendo construído, depois de reuniões com o relator deputado, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e o autor da PEC 45, o líder do MDB, deputado Baleia Rossi (SP).

Na quinta-feira à noite, quando falava sobre a aprovação da Lei de Falências, Guedes ficou irritado com uma pergunta sobre perda de credibilidade pelo mercado financeiro e as críticas de que não tem plano para a economia. Nesse momento, foi questionado sobre uma fala de Campos Neto horas antes na qual o presidente do BC dizia que o ponto-chave para o Brasil é conquistar credibilidade com um plano que dê uma clara percepção aos investidores de que o País está preocupado com a trajetória da dívida”.

“O presidente Campos Neto sabe qual é o plano. Se ele tiver um plano melhor, peça a ele qual é o plano dele. Pergunte a ele qual é o plano dele que vai recuperar a credibilidade. Porque o plano nós sabemos qual é. O plano nós já temos”, rebateu Guedes.

Estadão Conteúdo
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