1 maio 2024
Apesar do discurso contra Jair Bolsonaro (PSL) na Bahia, o senador Jaques Wagner (PT) pode ter conversado com a bancada baiana do PT na Câmara dos Deputados sobre a possibilidade de ajuda ao candidato do presidente da República à presidência da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
O assunto teria sido tratado depois de um encontro de Lira com o petista na Bahia ainda no feriadão do Reveillon. O candidato de Bolsonaro foi levado a Wagner pelo senador Angelo Coronel (PSD) e o deputado federal Elmar Nascimento (DEM), que ciceroneou o deputado do PP na Bahia.
O emedebista defende a independência do Legislativo em relação ao presidente da República e é apoiado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com quem o baiano Elmar brigou de morte por ter sido preterido como candidato à sucessão à presidência na Casa.
Quatro petistas preferiram votar pela candidatura própria, como forma de marcar posição, o que foi interpretado por Coronel e Elmar como um sinal de que Wagner havia captado a mensagem de Lira e conversado com a bancada baiana do PT sobre a possibilidade de ajuda ao candidato de Bolsonaro.
Único a se abster na votação da bancada, o deputado Zé Neto justificou a este Política Livre ter tomado a decisão por achar que a conversa ainda era muito prematura para levar a uma decisão da bancada do PT na Câmara e não discutia o compromisso de Rossi com outras pautas, como a suspensão de qualquer plano de privatização.
“Eu me abstive porque achei que era muito prematura a decisão do apoio no partido. Evitar que Bolsonaro vença é uma coisa, mas seria importante a gente ter garantias de algumas situações para que a gente não visse a privatização da Petrobras, por exemplo”, afirmou o parlamentar, negando que Wagner tenha pedido votos aos deputados para Lira.
Ao final do encontro, a bancada do PT decidiu, por 27 votos a 23, anunciar apoio imediato à candidatura do emedebista, mas, sob os mais diversos argumentos, o PT nacional tem feito discursos de idas e vindas em relação a ele, sinalizando possibilidade de ajuda a Lira.
Desde que lançou-se na disputa pela sucessão de Rodrigo Maia, o candidato do PP passou a prometer, com o consentimento de Bolsonaro, a votar a extinção da lei da Ficha Limpa como forma de atrair o partido do ex-presidente Lula para sua campanha.
A medida extinguiria a inelegibilidade de Lula, permitindo que o petista possa concorrer de novo à Presidência da República, o que é um cenário de sonho para Bolsonaro. O presidente acredita que, por causa do antipetismo, seria reeleito em 2022 contra o ex-presidente sem ter que fazer maiores esforços.
Política Livre