4 maio 2024
A anulação, pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), das condenações do ex-presidente Lula nos processos relacionados à Lava-Jato no Paraná, contribuiu para a piora dos ativos locais nesta segunda-feira, 8. No câmbio, o dólar chegou a bater em R$ 5,78, para depois fechar em alta de 1,67%, a R$ 5,7783, enquanto a Bolsa brasileira (B3) cai 3,6%, aos 111 mil pontos.
Assim, Lula ficaria elegível para a eleição presidencial de 2022. A decisão de Fachin será posteriormente avaliada pelo plenário do STF. No fim de semana, a imprensa publicou levantamento do Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) segundo o qual Lula teria mais potencial de voto do que Bolsonaro.
Em comunicado, a XP diz que a vê a decisão como uma forma de preservar a Operação Lava Jato. “A decisão é uma estratégia para tentar preservar os demais casos da Lava Jato, evitando que fosse decretada a suspeição do ex-juiz Sergio Moro”, diz a consultoria.
“Com Lula elegível, cresce ainda mais a chance deste governo ir totalmente para o populismo”, comentou Alfredo Menezes, sócio-gestor na Armor Capital. O receio de investidores de que o governo enverede por um caminho mais populista aumentou nas últimas semanas, depois de uma série de episódios em que, para o mercado, o presidente Jair Bolsonaro agiu deixando de lado princípios de uma política econômica liberal.
Destaque para a decisão do presidente de trocar o comando da Petrobrás e os alertas feitos por ele de atuação em outras estatais e setores da economia, como energia. Na máxima, o dólar foi a 5,7865. O real teve o segundo pior desempenho global na sessão com as perdas lideradas pela lira turca.
No horário acima, o Ibovespa tem queda de 3,59% às 17h15, aos 111.062,72 pontos, após tocar pontualmente nos 110 mil pontos no pior momento do dia até agora. Entre as ações com maior baixa, chama atenção a queda dos papéis da Petrobrás, com ON e PN em baixas de 3,54% e 4,33% cada.
Segundo a analista da MyCap, Julia Monteiro, a piora das ações da estatal reflete a fuga de investidores estrangeiros, com a percepção de aumento do risco país. “Acabou de ser acrescentada uma peça no jogo que estava fora de cogitação, e que torna o cenário político, econômico, ainda mais adverso”, diz.
Estadão Conteúdo