Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Bolsa de Valores 28 de maio de 2021 | 17:30

Bolsa de Valores chega aos 125,3 mil pontos e supera marca recorde

economia

O Ibovespa, principal índice da B3, a Bolsa brasileira, superou os 125,6 mil pontos nesta sexta-feira, 28, ultrapassando a máxima histórica registrada pelo índice no dia 8 de janeiro. Contribuem para a alta a valorização das ações da Petrobrás, que sobem mais de 3%, o desempenho do setor bancário e os ganhos no mercado acionário de Nova York. No câmbio, o dólar cai a R$ 5,21.

Às 16h20, o Ibovespa subia aos 125.645,38 pontos, uma alta de 1,03%. Na máxima registrada em janeiro, o índice foi aos 125.323,53 pontos. Os ganhos são sustentados principalmente pela alta dos papéis da Petrobrás ON e PN, de 5,82% e 4,13% cada. O avanço é motivado sobretudo pela elevação da recomendação da estatal pelo JP Morgan, que fixou o preço-alvo das ações em R$ 35,50.

Em relatório, o banco cita a percepção de menor risco com a nova diretoria mantendo a direção estratégica da estatal, comprometida em manter o foco no pré-sal, disciplina de capital, controle de custos, entre outros pontos. Apenas com o pregão de hoje, a estatal já ganhou R$ 16,8 bilhões em valor de mercado.

O exterior forte também ajuda. Nos Estados Unidos, há expectativas de anúncio do plano orçamentário do presidente Joe Biden ainda nesta sexta – o orçamento para 2022 pode chegar a US$ 6 trilhões. Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq sobem 0,33%, 0,27% e 0,35% cada.

De olho no cenário externo, o dólar cai 0,76%, cotado a R$ 5,2140 no horário acima. Nos Estados Unidos, ajustes de posição pré-feriado do Memorial Day ajudam a tirar o peso da moeda americana, que também é beneficiada pelo recuo nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, um dos maiores responsáveis pela valorização recente do dólar em todo o mundo.

Com o cenário positivo no exterior, Antonio Duarte Jr, assessor da Aplix Investimentos, acredita que o Ibovespa ainda testará os 125 mil pontos nesta sexta-feira, que deve ser marcada por mais um fechamento semanal com valorização. Até 12h, o índice acumulava ganhos de 1,76% no período.

Para ele, a ideia de que os estímulos nos EUA ainda continuarão e que, por ora, não deve haver antecipação da alta dos juros, após os dados de inflação, ajudam a compor o quadro favorável. “Na medida em que isso fica um pouco para trás, estimula a Bolsa”, completa.

No cenário interno, os investidores acompanham as consequências de mais uma alta no IGP-M e do alerta de emergência hídrica em cinco Estados brasileiros de junho a setembro. Por aqui, a inflação não dá trégua, o que gera preocupação sobretudo no momento em que há falta de chuvas. Por isso, o governo alertou sobre a possibilidade de o País passar pela pior seca em 111 anos. Nesta sexta, a Aneel deve adotar a bandeira tarifária nível 2, com custos mais elevados, encarecendo ainda mais as contas de luz do mês de junho. Tudo isso enquanto a inflação acelera.

Conforme divulgado hoje, o Índice Geral de Preços (IGP-M) acelerou 4,10% em maio, depois de registrar queda de 1,51% em abril, conforme a Fundação Getulio Vargas (FGV). No ano, o indicador alcançou 14,39% e avançou a 37,04% em 12 meses, de 32,02% até abril. Essa taxa é a maior do Plano Real, superando o acumulado de 32,97% de abril de 2003.

Na opinião do economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, a inflação tem características típicas de um choque de oferta e o IPA, que mede os preços no atacado, deixa isso claro. A alta do grupo este mês foi de 5,23% e acumula em 12 meses “estonteantes” 50,21%, cita em nota.

Para o economista, os bancos centrais de todo o mundo enfrentam problemas similares na pandemia com a inflação e a maioria deles continua argumentando que esses são choques transitórios. “Logo, não faria sentido subir fortemente a taxa de juros agora”, avalia.

Estadão Conteúdo
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