Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Pedro Guimarães 03 de maio de 2021 | 07:59

Caixa usará R$ 3 bilhões de oferta de ações para devolver dinheiro ao governo

economia

A abertura de capital da Caixa Seguridade, parceria do banco estatal com a francesa CNP Assurance, garantiu R$ 3 bilhões aos cofres do governo federal. O dinheiro será enviado nas próximas semanas.

No total, a instituição financeira pretende enviar R$ 8 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio para o Tesouro, quase metade do total de repasses previstos pelas estatais até o fim deste ano.

De acordo com o Orçamento da União deste ano, a Petrobras deve pagar R$ 3,6 bilhões, e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), R$ 3,9 bilhões. O banco de fomento também devolverá outros R$ 100 bilhões decorrentes de empréstimos do Tesouro para lastrear financiamentos.

A União receberá cerca de R$ 16 bilhões em dividendos das empresas controladas. Isso é mais do que o dobro do montante do ano passado.

Petrobras, Banco do Brasil, Caixa, Eletrobras e BNDES —que respondem por mais de 90% dos dividendos pagos à União— terminaram a publicação de seus balanços e mostraram juntos uma queda de 44% no lucro líquido em 2020, para R$ 60 bilhões.

Os diferentes efeitos da pandemia fizeram as empresas pagar 70% menos dividendos à União no ano (R$ 6,8 bilhões), o menor valor desde 2017 —quando as empresas ainda se recuperavam de perdas de anos anteriores.

Por isso, no caso da Eletrobras, cerca de R$ 1 bilhão sairá da reserva técnica e não do resultado da companhia. Essa situação, ainda segundo o Orçamento, se repetirá na Petrobras, que viu seu resultado despencar no ano passado diante da crise econômica e desvalorização do real.

Parte do resultado positivo da Caixa se deve à estratégia do presidente do banco, Pedro Guimarães, de se desfazer de investimentos, ampliar o patrimônio da instituição e cortar custos.

A venda da participação no banco PAN foi uma delas. Desde que assumiu o comando da Caixa, Guimarães disse que as ações seriam vendidas porque o investimento não fazia sentido diante do novo posicionamento no mercado.

Para isso, no entanto, prometia esperar o melhor momento de valorização dos papéis, o que resultou em um ganho de R$ 2 bilhões no início de abril deste ano.

Além do dinheiro que entrou no caixa pela venda dessa participação, a Caixa deixou ainda de computar no balanço os custos relacionados à sua parte na operação comercial do PAN.

Mesmo assim, a venda foi questionada pelo Ministério Público de Contas junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) por, supostamente, ter causado perdas à instituição.

Julio Wiziack e Fábio Pupo/Folhapress
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