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Ford e Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari (BA) fecharam acordo para a indenização dos 4 mil trabalhadores diretos da fábrica 12 de maio de 2021 | 17:10

Ford fecha acordo para indenizar funcionários da fábrica de Camaçari em ao menos R$ 130 mil

economia

Ford e Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari fecharam acordo para a indenização dos 4 mil trabalhadores diretos da fábrica e cerca de mil das empresas de autopeças que operam no complexo. A fechada será fechada nas próximas semanas. Em assembleia de funcionários realizada na manhã desta quarta-feira, 12, houve aprovação unânime da proposta, que é similar à negociada com empregados da unidade de Taubaté (SP) há pouco mais de um mês.

Além dos direitos garantidos na rescisão de contratos, o pessoal da área de produção vai receber dois salários extras por ano trabalhado, sendo que o valor mínimo a ser recebido é de R$ 130 mil, mesmo que a conta seja inferior a esse valor e um valor fixo adicional, conforme a faixa salarial. Aos mensalistas será pago um salário a mais por ano de serviço.

Em nota, a Ford informa que também faz parte do acordo a concessão de seis meses de plano médico por meio do sindicato e uma remuneração adicional para empregados operacionais com restrição médica ocupacional.

“Além dos itens previstos no acordo, a Ford já está oferecendo um programa de qualificação dos trabalhadores e também irá oferecer um suporte para recolocação por meio da contratação de uma empresa especializada”, diz a nota.

A fábrica da Bahia segue em operações parciais, produzindo peças para o mercado de reposição. O grupo já iniciou negociações para a venda do complexo de Camaçari, onde também operavam vários fornecedores de peças, e das instalações da unidade de Taubaté.

Em janeiro, a multinacional americana anunciou que deixaria de produzir veículos no Brasil, e passaria apenas a vender modelos importados da marca. Com isso, informou o fechamento da fábrica da Bahia, onde eram produzidos os modelos Ka e EcoSport, e a do interior de São Paulo, que empregava 750 pessoas e fazia motores.

A fábrica que produz os jipes Troller, em Horizonte (CE), terá as atividades encerradas no fim do ano. A montadora já tinha fechado, em 2019, a planta de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e a área foi vendida à Construtora São José, em parceria com a Áurea Asset Management, por R$ 550 milhões, e a empresa já começou as obras para transformar o local em um grande centro logístico.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Julio Bonfim, diz que, para chegar à proposta construída conjuntamente, ocorreram 33 rodadas de negociação entre as partes, após mediação feita pelo Tribunal Regional do Trabalho. Segundo ele, incluindo as 16 empresas de autopeças que atuam no complexo, o acordo vai beneficiar quase 5 mil trabalhadores.

“Diante do fechamento da fábrica, não nos restou outra opção a não ser lutar pelos direitos da categoria, e a exaustiva negociação terminou de forma positiva”, afirma Bonfim.

Prejuízos na região

Quando divulgou o encerramento das atividades produtivas no Brasil, em 11 de janeiro, após mais de 100 anos de atividades locais, a Ford alegou que “a decisão foi tomada à medida em que a pandemia de covid-19 amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”. Nos últimos anos, o grupo vinha registrando prejuízos constantes na América do Sul.

Segundo fontes do mercado, contudo, a principal razão seria a decisão da matriz americana em produzir modelos de maior valor agregado (SUVs e picapes) e se preparar para a eletrificação de seus produtos. O Brasil não está incluído nesses projetos.

Até o momento, nem a empresa nem o sindicato divulgaram notas oficiais sobre o acordo. A Ford ainda negocia indenizações com a rede de concessionários que passa a vender bem menos modelos do que antes, quando havia produção local. Estima-se que pelo menos metade das 283 revendas fechem as portas ou passarão a representar outras marcas.

Estadão Conteúdo
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