Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados/Arquivo
Caio Paes de Andrade 03 de junho de 2022 | 15:17

Petrobras analisa currículo de Paes de Andrade, mas ainda não sabe se governo renovará conselho

A Petrobras recebeu esta semana os documentos para análise da indicação de Caio Paes de Andrade à presidência da companhia, mas o governo ainda não apresentou as outras sete indicações para o conselho de administração da companhia a que tem direito.

As indicações são consideradas essenciais pelo conselho atual para a convocação de assembleia de acionistas que avaliará o nome de Paes de Andrade, o que leva conselheiros a acreditar que o governo busca uma solução alternativa para acelerar a nomeação.

Essa solução poderia passar pela renúncia de um dos membros atuais do conselho para sua substituição por Paes de Andrade. Assim, sua nomeação dependeria apenas de uma reunião do colegiado, e não mais de uma assembleia de acionistas.

O presidente demitido da Petrobras, José Mauro Coelho, já avisou que não renunciará. O governo tem hoje outros cinco assentos no conselho, já que perdeu duas vagas para minoritários na assembleia que elegeu Coelho, em abril.

São eles: o presidente do colegiado, Márcio Weber, Luiz Henrique Caroli, Murilo Marroquim, Ruy Flacks Schneider e Sonia Villalobos.

Conselheiros ouvidos pela reportagem avaliam que não há impedimento legal para a manobra para acelerar a nomeação, que não deve enfrentar grande resistência dos minoritários por reduzir o clima de incerteza sobre o comando da companhia.

A análise de Paes de Andrade pelo Comitê de Pessoas da estatal ainda não foi concluída. Há, entre acionistas, a percepção de que seu currículo não atende às exigências estabelecidas pela Lei da Estatais, que foram incorporadas também pelo estatuto da companhia.

A lei exige experiência de dez anos na mesma área de atuação da empresa ou em área conexa; ou quatro anos na chefia em empresa de porte equivalente, cargo em comissão ou de confiança no setor público; ou cargo de docente ou de pesquisador em áreas de atuação da estatal para a qual foi nomeado.

Permite ainda a nomeação e indicados com quatro anos de experiência como profissional liberal em atividade direta ou indiretamente vinculada à área de atuação da empresa pública ou sociedade de economia mista.

Paes de Andrade construiu sua carreira em empresas de tecnologia, primeiro a PSINet Brazil e depois a Webforce Investimentos, da qual é sócio e que, segundo a Petrobras, apoiou mais de 30 startups. A estatal diz ainda que ele é “empreendedor em tecnologia de informação, mercado imobiliário e agronegócio”.

Os documentos de Paes de Andrade foram enviados à Petrobras na terça (31) e não há um prazo definido para sua análise.

Conhecido como “background check de integridade”, esse processo inclui não só a avaliação do currículo, também investiga se os candidatos são alvos de processos, têm dívidas ou tiveram atuação em partidos políticos, por exemplo.

Aos candidatos, é dado um prazo para que esclareçam eventuais dúvidas ou comprovem diligência para responder apontamentos sobre atividades anteriores feitas por órgãos de controle internos ou externos.

Em eleições anteriores, a Petrobras entendeu que o comitê tem papel apenas consultivo, isto é, seu parecer não tem poder de rejeitar um candidato, o que é papel dos acionistas. Com maioria das ações votantes, o governo tem a palavra final.

Nicola Pamplona, Folhapress
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