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Os trabalhadores da PF vêm realizando diversos protestos nacionais cobrando a reestruturação das carreiras das corporações, prometida por Bolsonaro em dezembro do ano passado 06 de junho de 2022 | 08:40

‘PF e demais forças de segurança pública não-militares estão sendo desprestigiadas por Bolsonaro’

exclusivas

O presidente do Sindicato dos Policiais Federais da Bahia (Sindipol-BA), José Mário Lima, lamenta o que chama de “descumprimentos” por parte do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) com a categoria.

“A Polícia Federal e as demais forças de segurança pública não-militares estão sendo desprestigiadas por um acordo que tinha sido realizado com as categorias da PF, da Polícia Rodoviária Federal e do Departamento Penitenciário Nacional,” acusa.

Os trabalhadores da PF vêm realizando diversos protestos nacionais – inclusive em Salvador na última semana – cobrando a reestruturação das carreiras das corporações, prometida por Bolsonaro em dezembro do ano passado.

Na ocasião, o governo reservou no Orçamento da União R$ 1,7 bilhão para a medida. No final de abril deste ano, porém, foi anunciado um aumento linear de 5% para todas as carreiras federais, o que inviabiliza a promessa feita pelo presidente aos policiais.

Nesta entrevista exclusiva ao Política Livre, José Mário reclama: “Este acordo está sendo descumprido de forma sistemática pelo presidente”.

Confira na íntegra:

Política Livre: Qual a sua avaliação sobre os protestos feitos por policiais federais contra as promessas não cumpridas pelo presidente Jair Bolsonaro?

José Mário Lima: Primeiro é bom falar que houve uma promessa do atual presidente da República quanto à reestruturação da carreira da Polícia Federal, incluindo os servidores técnico-administrativos, estes por sinal com um achatamento salarial absurdo. A Polícia Federal e as demais forças de segurança pública não-militares estão sendo desprestigiadas por um acordo que tinha sido realizado com as categorias da PF, da Polícia Rodoviária Federal e do Departamento Penitenciário Nacional. Este acordo está sendo descumprido de forma sistemática pelo presidente. Após dar a palavra, após termos buscado votação orçamentária junto ao Congresso, após conseguirmos a formalização da reestruturação sob a forma de Medidas Provisórias, tudo devidamente acordado, o presidente diz que não vai fazer coisa nenhuma. Somos pais e mães de família. O que estamos pedindo não tem relação partidária com ninguém, entende? Se trata de faltar com a palavra de forma assustadoramente vergonhosa, cínica, para com profissionais de segurança pública.

O que a categoria quer com essa restruturação?

Bolsonaro acordou que R$ 1,7 bilhão do Orçamento Geral da União seria investido na reestruturação da carreira e correção de distorções acumuladas nos últimos anos, ou seja, não é de agora, nem de dois anos atrás. Lembramos que o governo foi eleito com a promessa de que valorizaria os profissionais de segurança pública e, até então, os profissionais dessa área, tão utilizada pelo governo e, em especial pelo próprio Presidente em suas propagandas na apresentação dos recordes alcançados, foi incapaz de promover qualquer modificação estrutural ou a reestruturação da carreira para ao menos reparar distorções e injustiças que cresceram ao longo do tempo. A reestruturação poderia, inclusive, em parte, mitigar os efeitos negativos, perversos, danosos da Reforma da Previdência sobre a categoria, reforma essa que foi empreendida com o mesmo ânimo perverso para uma categoria que em boa medida foi favorável à possibilidade de ele ser titular do cargo que ora ocupa.

Muita gente pergunta sobre a participação de policiais federais nas eleições. O que falta para que isso se torne mais real?

A vontade de fazer transformação, de tentar mudar algo. Se tivéssemos dentro do Congresso mais policiais federais, certamente os pleitos da categoria para o seu fortalecimento seriam mais discutidos, lembrando que estamos falando de uma das instituições mais respeitadas do Brasil, à qual honrosamente pertenço. O que hoje tem é uma falta de diálogo, uma tentativa de enfraquecer a Polícia Federal, haja vista os sucessivos ataques, seja a direitos de seus integrantes, seja por desprestígio quanto à estatura institucional que atingiu ao longo do tempo, independentemente do governo de plantão. Com isso você acaba fortalecendo as organizações criminosas, o poderio de criminosos e aumenta a insegurança da população, uma vez que não se propõe, não se discute, não se implementam melhorias, seja para a PF, no olhar mais específico, seja para a segurança pública baiana e brasileira de maneira geral, com todo o seu aparato institucional. Em tempo, cumpre informar que os sindicalizados da Polícia Federal na Bahia, através de consulta eletrônica realizada no final do mês passado, se posicionaram majoritariamente favoráveis à maior participação de colegas da corporação dentro do parlamento.

Mateus Soares
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