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Relação pessoal e política forte entre Bruno e Neto é um trunfo frente a planos dos adversários 29 de dezembro de 2022 | 08:43

Aposta da oposição em afastamento de Bruno e Neto é a maior furada, por Raul Monteiro*

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As declarações de fim de ano do atual, Carlos Muniz (PTB), e o do ex-presidente da Câmara Municipal, Geraldo Jr. (MDB), mirando o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) não deixam dúvidas quanto aos planos do grupo que ganhou as eleições estaduais deste ano, liderado pelo PT. Como atacaram Neto e, ao mesmo tempo, enalteceram a figura do prefeito Bruno Reis (União Brasil), está claro que a ideia é tentar diferenciar um do outro, ao mesmo tempo em que se busca afastá-los, como se pertencessem a times políticos diferentes e, mesmo, a dissociação entre eles fosse possível.

Por trás da iniciativa do ex e do atual presidente do Legislativo municipal está, naturalmente, a vontade de espezinhar o ex-candidato a governador do UB, mas, principalmente, os interesses de ambos relativos à sucessão municipal de 2024, quando Bruno será candidato à reeleição, contando, principalmente, com a expectativa de reconhecimento à gestão que realiza na cidade e a excelente inserção do ex-prefeito na capital baiana, cuja votação no segundo turno das eleições estaduais deixou claro que continua dominando o pedaço nestes 10 anos em que seu grupo controla a capital baiana.

Ainda que sob os olhares desconfiados do seu partido, o MDB, com sua desenvoltura pessoal, Geraldo Jr. não tem perdido a oportunidade de se colocar como candidato à Prefeitura no ano da sucessão de Bruno. Quer desde já marcar território no campo em que emergiu para a condição de vice-governador eleito do Estado como alternativa natural para a disputa, preocupado com a eventualidade de enfrentar concorrentes entre os agora aliados, especialmente o PT, um partido cujo pensamento hegemônico sempre deixa a porta aberta para o lançamento de algum quadro próprio em toda eleição.

Desde já, ele sabe que, no grupo, ainda que construa as pontes em tese favoráveis à sua escolha para candidato, só não podera enfrentar o governador Rui Costa, cujas referências como uma alternativa de candidatura ao Thomé de Souza continuam a circular no PT. A tendência deve se fortalecer principalmente se sua participação no ministério lulista, como chefe da Casa Civil, não for bem sucedida, uma possibilidade à qual os próprios correligionários não deixam de aludir em decorrência dos últimos movimentos ocorridos em Brasília, onde sua figura tem perdido espaço na refrega com outros quadros do PT e aliados.

Muito desejada sob o posto de vista da disputa, principalmente para aqueles que se encontrarão na oposição ao projeto reeleitoral de Bruno, operar um afastamento seu em relação a Neto, por outro lado, deve ser uma missão verdadeiramente impossível. Primeiro, os dois são amigos pessoais. Segundo, desenvolveram uma relação de confiança e lealdade bem-sucedida politicamente que não faz sentido algum colocar em xeque no momento crucial da próxima sucessão. Para completar, Bruno ainda deve ser favorecido pela abertura de um canal de seu partido com o governo Lula, frustrando aqueles que imaginavam que, a partir de agora, estaria isolado administrativamente.

*Artigo do editor Raul Monteiro.

Raul Monteiro*
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