Foto: Valdemiro Lopes/CMS
Mesa Diretora da Câmara de Salvador 27 de fevereiro de 2023 | 17:47

Polêmica sobre As Muquiranas toma conta de sessão na Câmara de Vereadores; Carlos Muniz defende debate sobre pistolas de plástico

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Na primeira sessão após o Carnaval, nesta segunda-feira (27), os vereadores de Salvador entraram de cabeça na polêmica envolvendo o bloco As Muquiranas, as pistolas de plástico e os excessos cometidos há tempos por foliões da agremiação. O presidente da Câmara Municipal, Carlos Muniz (PTB), fez questão de pautar o tema, aproveitando a presença do presidente do bloco, Washington Paganelli, na Casa.

Após um discurso duro do vereador Leandro Guerrilha (PP) pedindo respeito às mulheres e punição ao bloco, Muniz (PTB) defendeu que a Casa discuta a apresentação de um projeto de lei para proibir o uso de armas de plástico que disparam água no Carnaval. O brinquedo é utilizado pelos membros de As Muquiranas, embora não faça parte da fantasia oficial, e todos os anos existem imagens e denúncias de abusos cometidos contra as mulheres com o utensílio.

“Esse tema da proibição da arma de brinquedo tem que ser tratado no âmbito da Câmara Municipal. Não que a Assembleia não deva fazer, mas a legislação nesse caso é municipal”, declarou Muniz. Após a folia momesca, os deputados estaduais Samuel Júnior (Republicanos) e Olívia Santana (PCdoB) apresentaram projetos de lei visando banir a pistola d´água no Carnaval em toda a Bahia.

Muniz pediu ao comandante da Frente Parlamentar de Defesa do Carnaval, o vereador Henrique Carballal (PDT), que paute o tema, bem como a situação precária de trabalho dos cordeiros. O pedetista agendou uma reunião do colegiado para a próxima quarta-feira (1º), a partir das 10h.

Carballal disse que há oito anos, a pedido dos dirigentes de As Muquiranas, apresentou um projeto de lei para extinguir as pistolas de água no Carnaval, mas o texto foi rejeitado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “A violência contra a mulher precisa ser combatida sem demagogia. O bloco As Muquiranas é formado por trabalhadores. Eles que me pediram esse projeto, mas eu fui ridicularizado porque diziam que eu não podia proibir a liberdade, a democracia”, salientou o vereador. “Se for da vontade da Casa, apresento novamente o projeto. O que não pode é querer punir a entidade”, complementou.

Diversos vereadores discursaram sobre o assunto. A vereadora Marta Rodrigues (PT) cobrou uma punição dura ao bloco, bem como a líder da oposição, Laina Pretas por Salvador (PSOL). “Tirar a pistola não resolve o problema, que é estrutural. É sobre machismo, patriarcado, controle de corpos. Eles não usam água apenas. Nos forçam o beijo, tocam nas nossas partes íntimas. Isso é de muitos carnavais. Acham que corpos vestidos de mulher podem agredir as mulheres. Isso sem falar na depredação do patrimônio público, como vimos no ponto de ônibus do Campo Grande”, discursou Laina.

Na mesma linha de Carballal, outros vereadores defenderam As Muquiranas como instituição e pediram a identificação e punição dos foliões que cometeram excessos, a exemplo de Cláudio Tinoco (União), Átila do Congo (Patriota) e Paulo Magalhães (União).

“Precisamos ter responsabilidade. Responsabilizar quem foi o culpado e punir. Não podemos fazer disso um cavalo de batalha”, afirmou o líder do governo, Kiki Bispo (União). “Não dá para penalizar uma empresa, um bloco, onde tem pai de família, por ações equivocadas de alguém. Então vamos acabar com a Polícia Militar porque um policial comete arbitrariedade?”, questionou Átila do Congo.

No final da sessão, houve um princípio de bate-boca entre Laina e Carbalall, porque o pedetista pediu verificação de quórum e acabou derrubando a sessão antes que a líder da oposição discursasse novamente sobre o tema. “Essa é uma prática sua, Carballal, e não é de hoje”, criticou a vereadora, visivelmente irritada.

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