Foto: Mateus Pereira/Arquivo/GOVBA
Governador Jerônimo Rodrigues, cujo envolvimento na sucessão de 2024 é esperado por aliados 06 de abril de 2023 | 09:54

Aliados esperam ver Jerônimo articulando candidatura única em Salvador em 2024, por Raul Monteiro*

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O PT e vereadores de outros partidos de Salvador aguardam o retorno do governador Jerônimo Rodrigues (PT) de sua viagem à China, na próxima semana, para ouvir dele diretamente quais são seus planos para a sucessão municipal de 2024 na capital baiana. Aproveitando o espaço que o gestor tem dado à classe política, de maneira geral, e a alguns vereadores, em especial, para falar sobre conjuntura e seus planos futuros, os representantes municipais de oposição acreditam que podem envolver, pela primeira vez, um chefe do Executivo estadual petista diretamente na discussão sobre as próximas eleições.

De fato, Jerônimo já deu sinais claros de que pretende tratar a disputa em Salvador com mais atenção do que deram a ela seus antecessores. Um café da manhã do qual participou recentemente com vereadores, para o qual foram estrategicamente convidados até representantes da base do prefeito Bruno Reis (União Brasil), tem sido reportado pelos edis como uma verdadeira mudança de paradigma na relação entre setores da Câmara de Salvador e o partido que comanda o governo baiano há 16 anos. Mais do que isso, como uma prova de que Jerônimo exibe uma abertura inédita para discutir a sucessão municipal que não se deve desperdiçar.

Entre aqueles que têm conseguido manter a interlocução com o governador sobre o caso específico de Salvador se repete a avaliação de que, contrariamente às lideranças petistas que comandaram o governo antes dele, Jerônimo já estaria convencido de que ganhar a capital, há 10 anos nas mãos do grupo do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), pode ser fundamental para que dispute uma reeleição com um bom nível de tranquilidade, em 2026. Parte do convencimento decorreria, naturalmente, da disputa acirrada que travou com Neto no ano passado pelo governo baiano, da qual saiu vitorioso depois de uma campanha extremamente disputada.

Embora não haja uma candidatura natural em seu grupo tal qual a de Bruno, que inclusive aparece como favorito para se reeleger, principalmente se levadas em conta as intenções de voto para ele e para o próprio Neto, apresentado como alternativa num dos cenários recentemente pesquisados, hoje já se colocam internamente como opções na oposição um número razoável de nomes. Além disso, os vereadores, tanto do PT quanto de outros partidos da base do governo estadual, estão convencidos de que o candidato pode ser construído e se tornar competitivo, a depender do timing e do grau de envolvimento de Jerônimo com a tarefa.

Caso o cenário que as oposições desenham para a próxima sucessão em Salvador inclua realmente um governador de Estado atuando como maestro das articulações que visem, inclusive, a construção de uma candidatura única, como seus aliados esperam, para enfrentar a de Bruno, o prefeito tem tudo para se defrontar com uma concorrência mais desafiadora do que a do passado. Neste caso, mais do que nunca, terá que contar no processo não apenas com a boa avaliação da gestão que realiza em Salvador, mas, sobretudo, com um compromisso equivalente, na outra ponta, de seu padrinho político e líder oposicionista ACM Neto.

*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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