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Vereador Sílvio Humberto 12 de abril de 2023 | 15:47

Ativista do movimento negro, vereador Sílvio Humberto evita dar respaldo a acusações de racismo de Laina Crisóstomo contra a Câmara

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Ativista do movimento negro, o vereador Sílvio Humberto (PSB) evitou respaldar as acusações da colega de oposição Laina Crisóstomo (Psol) de que o comando da Câmara Municipal de Salvador age de forma racista, machista e com violência política ao impedir que a assessora e companheira de mandato coletivo da parlamentar, Cleide Coutinho, de utilizar as cadeiras destinadas aos edis no plenário da Casa.

“Por princípio, a gente que conhece a complexidade do racismo sabe que ele está sempre presente até institucionalmente nas estruturas sociais. Cabe aos grupos minoritários sempre estarem rompendo essas barreiras, à medida que vão superando etapas e processos, conquistando espaços”, disse Sílvio Humberto, ao ser questionado pelo Política Livre sobre as críticas de Laina à Casa.

Para o presidente da Câmara, Carlos Muniz (PTB), o debate sobre o mandato coletiva é essencialmente técnico, e não tem relação machismo ou racismo. Muniz disse ao site que vai tratar o assunto com base no que determina a Constituição brasileira e o Regimento Interno da Câmara, que não preveem o expediente. Indagado sobre essa posições do chefe do Legislativo, Sílvio Humberto afirmou que a questão também deve ser encarada politicamente.

“Sabemos que a Constituição federal e o Regimento Interno da Câmara não tratam de mandato coletivo, mas isso precisa ser debatido politicamente. Não podemos interpretar as regras ao pé da letra. É preciso avaliar as brechas, fazer a mediação política, entender os limites da técnica, mas não encerrar o debate apontando que ele é técnico”, ponderou.

“Entendo a resistência da vereadora (Laina), pois as minorias se organizam para enfrentar temas como este fruto de um jogo político. Temos que debater o assunto, e não apenas se limitar ao Regimento. É preciso dialogar. E desde o início tenho defendido que esse diálogo aconteça na esfera apropriada, que é o colégio de líderes. Mas infelizmente tomou uma proporção que não é boa para a imagem da Casa”, acrescentou o edil.

A polêmica começou na sessão da Câmara do dia 3 de abril, quando o então presidente da sessão, Isnard Araújo (PL), pediu que a assessora de Laina desocupasse uma das cadeiras utilizadas pelos vereadores. Na ocasião, o vereador Henrique Carballal (PDT) também manteve uma assessora sentada em um dos lugares destinados aos edis. Isnard chegou a ameaçar pedir à segurança da Casa que retirasse as duas, mas desistiu da ideia.

O caso foi levado à Comissão dos Direitos das Mulheres da Assembleia Legislativa por Laina, o que motivou um princípio de crise entre as duas Casas. Para Laina, vereadores mudaram de postura sobre o mandato coletivo e passaram a usar de “assédio, constrangimento e violência política para tentar nos deslegitimar”.

Política Livre
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