Novo VLT será sobre trilho, garante governo em audiência no Subúrbio; prazo anunciado por Jerônimo é questionado

Durante audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira (17), no Colégio Estadual Barros Barreto, em Paripe, o governo do Estado assegurou que o novo VLT do Subúrbio Ferroviário de Salvador será em linha férrea, e não mais sob pneus e em elevado. Esse ponto foi considerado positivo até mesmo pela oposição, mas houve críticas ao prazo de até 20 dias anunciado hoje pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) para o lançamento da nova licitação visando a contratação da empresa responsável pela obra após o distrato anunciado com a Skyrail.

A audiência, organizada pela Comissão de Transporte, Trânsito e Serviços Públicos da Câmara de Salvador, foi proposta pelo vereador Tiago Ferreira (PT). A secretária estadual de Desenvolvimento Urbano, Jusmari Oliveira, e a presidente da Companhia de Transporte da Bahia (CTB), Ana Cláudia Nascimento, estiveram presentes, além do deputado estadual Robinson Almeida (PT), que almeja ser o candidato da base de Jerônimo ao Palácio Thomé de Souza, vereadores e lideranças comunitárias.

“Foi uma audiência muito positiva, inclusive na visão das lideranças e moradores do Subúrbio. Acreditamos que o governo do Estado vai fazer acontecer esse VLT o mais breve possível. As lideranças queriam que o modelo fosse mesmo por ferrovia, a exemplo do trem. Isso ficou muito evidente que vai acontecer. Além disso, ficaram claras as razões sobre a obra não ter acontecido, muito em função da pandemia e elevação dos custos, e que o novo projeto pode atender até de uma forma mais ampla a população, até mesmo no traçado”, avaliou Tiago Ferreira.

Jusmari disse que após a rescisão do contrato com a concessionária Skyrail, ligada à chinesa BYD, um novo projeto deve ser apresentado e outro contrato firmado. “Tivemos um impasse no contrato e tentamos, de forma responsável e rigorosa, dar continuidade. Mas, com as reivindicações do consórcio ganhador da licitação, não se mostrou vantajoso. Então, o governo chamou a empresa para essa rescisão, que será bilateral. Em breve, apresentaremos o projeto que seguirá”, afirmou a secretária.

“Um governo que já investiu mais de R$ 11 bilhões em mobilidade urbana em Salvador e região metropolitana não vai deixar o Subúrbio Ferroviário desamparado. O Estado já vem estudando essa nova alternativa e nós estamos trabalhando para lançar o edital. Estamos esperando definições estratégicas e a rescisão, que depende de trâmites legais”, emendou Ana Cláudia.

Nenhum dos presentes reafirmou o prazo de até 20 dias para a nova licitação anunciado por Jerônimo mais cedo. “Será que o governo do Estado vai cometer o mesmo erro de fazer um projeto sem realizar audiências públicas? Afinal, isso que foi feito quando transformaram o VLT em monotrilho, em 2018, o que foi alvo de questionamento por parte do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Durante os últimos anos, temos defendido a transparência sobre esse projeto, que as informações cheguem para a avaliação da cidade, e esse prazo anunciado hoje pelo governador, se se confirmar, significará um novo atropelo de etapas”, disse o vereador Cláudio Tinoco (União), presente na audiência.

A construção do sistema do VLT foi apresentada em 2017 e licitada no ano seguinte, com a assinatura de contrato ocorrida em 2019. O transporte substituiria os trens, que foram desativados em 2021, prejudicando a população do Subúrbio.

Quando o contrato foi assinado com o consórcio chinês, o valor estimado do investimento para a obra seria de R$ 1,5 bilhão. No mesmo ano, a obra teve ordem de serviço autorizada e o governo chegou a divulgar que o projeto estaria 100% concluído no segundo semestre de 2024.

Quatro anos depois, a realidade é outra. A obra sofreu diversas alterações de prazos de entrega, de traçado e principalmente de valores. Dos iniciais R$ 1,5 bi para a conclusão do VLT, o valor atual já passa de R$ 5,2 bilhões, um aumento de 246%.