Foto: Valter Pontes/Arquivo/Secom
O prefeito de Salvador, Bruno Reis 17 de agosto de 2023 | 08:01

Por que a vice de Bruno Reis desperta tanta cobiça dois anos antes da eleição, por Raul Monteiro*

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Não é a primeira vez que a coluna se refere ao fato de que o ano de 2026, quando o governador Jerônimo Rodrigues (PT) pretende disputar a reeleição, permanece no horizonte do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil). Em recente conversa com a imprensa, ele deixou claro que ainda é muito cedo para confirmar ou descartar a possibilidade de se submeter de novo ao escrutínio popular na busca de um mandato para governar a Bahia, tarefa para a qual, como sempre ressalta, vem se preparando há muito. O ex-prefeito tem uma condição vantajosa. O tempo, definitivamente, não é um problema para o jovem político baiano.

Como não o pressiona, portanto, não será por hora um critério para qualquer decisão sua. Ele pode usá-lo para se resguardar o quanto quiser à espera de uma oportunidade que pareça mais segura do que foi a do ano passado, quando disputou contra um candidato petista empoderado pelo número 13 do então presidenciável Lula. À luz da experiência pregressa, para concorrer de novo ao governo, Neto pode aguardar o descortino de um novo ciclo em que o clima de polarização amenize ou surja uma ou mais opções nacionais consistentes de oposição ao PT com as quais possa também casar mais firmemente sua campanha.

Assim, não desafiaria de novo o modelo utilizado com sucesso pelo petismo desde a eleição de Jaques Wagner ao Palácio de Ondina, em 2006, ainda mais se não surgir uma nova onda nacional contra o lulismo a qual sinta segurança para surfar. Mas, na eventualidade de Neto avaliar mais à frente que a conjuntura não favorece o plano de disputar a próxima sucessão estadual, seu grupo não ficará sem representante. O amigo e sucessor Bruno Reis (União Brasil), que, se reeleito no próximo ano, deverá estar no meio de seu segundo mandato como prefeito de Salvador em 2026, pode se habilitar para o desafio de bom grado.

Para isso, naturalmente, Bruno precisará contar apenas com o incentivo do próprio Neto, com quem compartilha suas principais decisões políticas e estratégias. O atual prefeito sobressai como grande opção primeiro porque, de acordo com os mais próximos, não é do tipo que demonstra demasiado apego ao poder. Em segundo lugar, porque, ao longo do tempo, tem revelado grande senso de responsabilidade com relação à preservação do grupo e inegável compromisso com o sucesso de seu líder. E, por último, porque não pode deixar de encarar a investida, ainda que sob o risco de derrota, como uma oportunidade de projetar seu nome para todo o Estado.

A possibilidade de Bruno disputar o governo contra Jerônimo no lugar de Neto daqui a quatro anos é o que torna a escolha de sua vice alvo de imensa cobiça. Se concorrer à sucessão estadual, ele terá que renunciar ao mandato de prefeito, abrindo espaço para que seu substito legal assuma os destinos da cidade nos dois anos seguintes, com direito à reeleição. É por isso também que a definição do seu próximo companheiro de chapa é uma responsabilidade que ele precisa dividir integralmente com Neto. A liberdade de movimento no grupo, dada pela confiança de ambos em seu eventual sucessor, surge como a primeira premissa estratégica dos dois para 2026.

*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna*.

Raul Monteiro*
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