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O presidente do Equador, Daniel Noboa 10 de janeiro de 2024 | 16:30

Equador vai deportar detentos estrangeiros, diz presidente; onda de violência mata ao menos 13

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O presidente do Equador, Daniel Noboa, disse que seu país começará a deportar detentos estrangeiros, principalmente colombianos, para reduzir a população carcerária e gastos públicos após o surto de violência no país sul-americano. Ao menos 13 pessoas morreram, e mais de 130 funcionários penitenciários eram mantidos reféns nesta quarta-feira (10).

Segundo o político, cerca de 1.500 colombianos estão nas prisões equatorianas. Somados a eles, prisioneiros do Peru e da Venezuela representam 90% da população carcerária estrangeira do país.

As declarações foram feitas à rádio equatoriana Canela um dia após Noboa assinar um decreto no qual declara um “conflito armado interno” no Equador —na prática, uma guerra civil. A medida extrema foi resposta a uma onda de criminalidade que sucedeu a fuga da prisão de Fito, líder de uma das principais organizações criminosas do país, os Choneros.

Um dia antes, na segunda (8), Noboa já havia declarado estado de exceção para permitir que as Forças Armadas interviessem no sistema prisional equatoriano durante a crise de violência.

Mais de 130 agentes penitenciários e outros funcionários eram mantidos reféns em pelo menos cinco presídios do Equador. O governo diz que a violência é uma reação ao plano encampado por Noboa de construir novas prisões de segurança máxima para isolar os detentos mais perigosos.

Além de prometer separar os líderes de gangues dos outros presos, Noboa reiterou nesta quarta as propostas para combater a corrupção e aumentar a segurança nos portos. Antes visto como pacífico, o Equador vem atraindo criminosos pelo potencial de escoamento da produção de drogas.

A Colômbia, assim como outros países latino-americanos, manifestou apoio ao governo de Noboa e disse que aumentaria a presença militar ao longo da fronteira compartilhada com o vizinho. O ministro da Justiça colombiano ainda afirmou à imprensa local que estava disposto a trabalhar com Quito. Ao mesmo tempo, ele ressaltou que a lei de seu país determina que as repatriações devem ser avaliadas caso a caso.

O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia não respondeu a pedidos de comentários sobre o plano de deportação feitos pela agência de notícias Reuters.

O presidente equatoriano enfrenta a primeira crise desde que assumiu o cargo, em novembro passado. Na posse, o chefe do Executivo prometeu diminuir a violência no país. “Estamos em guerra e não podemos ceder diante desses grupos terroristas”, disse ele à rádio Canela, acrescentando que o governo faz o “possível e o impossível” para resgatar e deixar os reféns sãos e salvos.

O Snai, órgão responsável pela administração de presídios do país, afirmou que 125 guardas e 14 funcionários administrativos eram mantidos reféns nos presídios nesta quarta. Onze pessoas foram libertadas na terça, segundo a agência. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram as vítimas sendo submetidas a agressões. A Reuters não pôde verificar a autenticidade das gravações.

Noboa afirmou ainda que a melhor maneira de proteger a economia e o investimento estrangeiro é melhorar a segurança e garantir o Estado de Direito. Na terça, os legisladores expressaram seu apoio às Forças Armadas e apoiaram os esforços do governo. O presidente tem uma coalizão majoritária no Congresso, depois que seu partido se aliou ao movimento de esquerda do ex-presidente Rafael Correa.

A imprensa local descreveu a madrugada de terça (9) como uma “noite de terror”, com explosões de carros-bomba em atos aparentemente coordenados, além do sequestro de quatro policiais. O caos se manteve durante a tarde, quando homens encapuzados invadiram a sede da emissora TC na cidade portuária de Guayaquil, no sudoeste do território. Eles renderam apresentador e funcionários com armas e granadas em mãos durante uma transmissão ao vivo do telejornal El Noticiero, que em seguida saiu do ar.

A violência causou pânico em municípios de todas as regiões equatorianas. Maior cidade do país, Guayaquil colapsou, disse o jornal equatoriano Expresso. A publicação relata medo e correria após ações coordenadas de criminosos, que provocaram explosões e sequestraram policiais. Quem não conseguiu voltar para casa se abrigou em restaurantes ou empresas que fecharam as portas.

Na Universidade de Guayaquil, alunos e professores correram assustados e se refugiaram em salas de aula. Relatos que circularam na terça diziam que homens armados haviam invadido o campus, mas a afirmação foi negada pela instituição. O Ministério da Educação suspendeu as atividades presenciais de escolas e faculdades de todo o país pelo menos até a sexta-feira (12).

Várias outras instituições foram esvaziadas. Órgãos públicos permaneciam fechados nesta quarta, e a Assembleia Nacional suspendeu as atividades presenciais por tempo indeterminado. A mesma decisão foi tomada pelo Conselho Nacional Eleitoral, que chegou a cancelar uma sessão plenária.

Já o Ministério da Saúde do Equador suspendeu os atendimentos ambulatoriais nos centros de saúde e hospitais de todo o país. Consultas agendadas e cirurgias planejadas serão remarcadas, comunicou a pasta nas redes sociais.

Após a eclosão da crise, na terça, o jornal Expresso relatou que os ônibus de Guayaquil ficaram lotados às 14h no horário local (16h em Brasília) e que duas horas depois os veículos haviam “desaparecido” das ruas. Quito, assim como Guayaquil, registrou congestionamentos incomuns no começo da tarde.

Folhapress
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