Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação/Arquivo
Lula se reúne com primeiro-ministro palestino e discursa na cúpula anual da União Africana 17 de fevereiro de 2024 | 10:51

Lula se reúne com primeiro-ministro palestino e discursa na cúpula anual da União Africana

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O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, se reuniu neste sábado, 17, com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina (AP), Mohammad Shtayyeh, para discutir a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. O encontro entre Lula e Shtayyeh ocorreu durante a cúpula anual da União Africana em Adis Abeba, na Etiópia. O presidente brasileiro participou do evento e fez um discurso.

A Autoridade Palestina (AP) foi criada após os Acordos de Oslo entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). A AP controla partes da Cisjordânia, mas não tem controle sobre a Faixa de Gaza, que está sob administração do grupo terrorista Hamas.

Antes da passagem pela Etiópia, Lula também foi ao Egito e se reuniu com o presidente Abdel Fatah al-Sisi. O país que está envolvido nas negociações para a libertação de reféns israelenses e de um possível cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Lula criticou as ações de Israel no enclave palestino e reiterou a condenação aos ataques terroristas do Hamas no dia 7 de outubro. “O Brasil foi um país que condenou de forma veemente a posição do Hamas no ataque de Israel e ao sequestro de centenas de pessoas. Nós condenamos e chamamos o ato de ato terrorista. Mas não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel, a pretexto de derrotar o Hamas, está matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha conhecimento”, disse Lula, ao lado do egípcio, no Palácio Presidencial de Heliópolis, no Cairo. “De qualquer ângulo que se olhe, a escala de violência cometida entre os 2 milhões de palestinos em Gaza não encontra justificativa.”

Discurso de Lula
O presidente Lula discursou na abertura da 37ª Cúpula da União Africana, na Etiópia, e mencionou a criação da Aliança Global contra a Fome no âmbito do G20, atualmente presidido pelo Brasil, e destacou a participação do bloco como membro pleno do G20.

“A presença da União Africana como membro pleno do G20 será de grande valia. É inadmissível que um mundo capaz de gerar riquezas da ordem de US$ 100 trilhões por ano conviva com a fome de mais de 735 milhões de pessoas. Estamos criando no G20 a Aliança Global contra a Fome, para impulsionar um conjunto de políticas públicas e mobilizar recursos para o financiamento dessas políticas”, disse o presidente.

A busca de uma solução para a fome é um dos objetivos do Brasil na presidência do G20, assim como a discussão da dívida de países mais pobres, o que também foi destacado por Lula. “Cerca de 60 países, muitos deles na África, estão próximos da insolvência e destinam mais recursos para o pagamento da dívida externa do que para a educação ou a saúde. Isso reflete o caráter obsoleto das instituições financeiras, como o FMI e o Banco Mundial, que muitas vezes agravam crises que deveriam resolver”, afirmou.

Ao mencionar o conflito entre o grupo terrorista Hamas e Israel, Lula condenou excessos dos dois lados, mas defendeu a criação de um Estado palestino, reconhecido como membro pleno das Nações Unidas. O presidente também cobrou o fortalecimento da ONU e um Conselho de Segurança mais representativo, já que a guerra na Ucrânia teria escancarado sua paralisia.

O presidente também mencionou a multipolaridade e a consolidação dos BRICS, dizendo que sem os países em desenvolvimento não será possível a abertura de novo ciclo de expansão mundial, que combine crescimento, redução das desigualdades e preservação ambiental, com ampliação das liberdades. “Crises que decorrem de um modelo concentrador de riquezas, e que atingem sobretudo os mais pobres – e entre estes, os imigrantes. A alternativa às mazelas da globalização neoliberal não virá da extrema direita racista e xenófoba. O desenvolvimento não pode ser privilégio de poucos”, afirmou.

Lula iniciou sua fala de improviso, e ao longo da fala destacou os vínculos entre Brasil e África. “Estamos dispostos a desenvolver programas educacionais na África e a promover intenso intercâmbio de professores e pesquisadores. Vamos colaborar para que a África possa se tornar independente na produção de alimentos e energia limpa”, disse./ com informações de Fernanda Trisotto e Felipe Frazão

Estadão Conteúdo
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