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Chefe de Gabinete do senador Jaques Wagner (PT), o advogado Lucas Reis (PT) não esconde o desejo de ser candidato 09 de setembro de 2024 | 10:12

Entrevista – Lucas Reis: “É óbvio que pretendemos ter uma candidatura a federal ligada a Wagner”

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Chefe de Gabinete do senador Jaques Wagner (PT), o advogado Lucas Reis (PT) não esconde o desejo de ser candidato a deputado federal em 2026. Cauteloso, ele ressalta, entretanto, que essa decisão só será tomada no início de 2025, a partir de um posicionamento coletivo, principalmente do grupo mais ligado  a Wagner, composto ainda pelo presidente do PT baiano, Éden Valadares, e pelo chefe de Gabinete do governador Jerônimo Rodrigues (PT), Adolpho Loyola (PT).

Nesta rápida entrevista concedida ao Política Livre na última quinta-feira (5), quando participou de um ato de campanha em Muritiba, Lucas descartou ainda qualquer tipo de atrito com a deputada federal petista Elisangela Araújo, também próxima do senador, e fez uma avaliação do cenário das eleições municipais deste ano para o PT. Ele fez elogios à gestão de Éden à frente do partido.

Lucas, que já foi chefe de Gabinete do governo baiano e assessor de petistas históricos, a exemplo de Waldir Pires e Emiliano José, acredita ainda que Jerônimo vai ter um “problema bom” na escolha da chapa majoritária em 2026. Confira abaixo a íntegra da entrevista:

A sua candidatura a deputado federal em 2026 está confirmada?

Veja, eu não sou sozinho, nós somos um grupo, você sabe. Sou chefe de Gabinete do senador Jaques Wagner e um quadro do PT. Vamos ouvir o senador e outros companheiros do grupo que é mais ligado a Wagner para tomar essa decisão. Então, essa não é uma decisão tomada aí.

“Eu vou até fazer uma confidência aqui: a gente tem um grupo de WhatsApp chamado Menudos de Wagner, que é produto da primeira notícia que saiu sobre isso”

Esse grupo é composto por quadros como Wagner, o senhor, o presidente do PT baiano, Éden Valadares, e Adolpho Loyola, chefe de Gabinete do governador Jerônimo Rodrigues (PT)?

O grupo que a imprensa, provavelmente a partir de algum fogo amigo, passou a chamar de “menudos” na eleição de 2022. Mas essas são pessoas que iremos ouvir, além de outros companheiros, sobre 2026. Bom, nós estamos trabalhando. Estamos em um processo de eleição municipal e as coisas na política estão muito antecipadas. No momento certo, vamos debater isso em grupo, no coletivo, com esses companheiros citados, mas outros tantos. É óbvio que nós devemos ter uma candidatura desse grupo mais ligado ao senador. Poderá ser eu, ou outro companheiro. Claro que existem os mais próximos do senador, como eu, Éden, Adolpho, e é óbvio que pretendemos ter uma candidatura a federal ligada a Wagner.

Vocês se incomodam com esse apelido de “menudos” do senador?

Não tem nenhum incômodo nosso. Eu vou até fazer uma confidência aqui: a gente tem um grupo de WhatsApp chamado “Menudos de Wagner”, que é produto da primeira notícia que saiu sobre isso. A gente curtiu a brincadeira, até porque ninguém mais usa isso em tom pejorativo. Acho que tem mais a ver com a ideia de renovação na política, no PT.

Voltando a 2026: o fato é que o você tem percorrido intensamente os municípios durante as eleições municipais e estaria já fazendo acordos políticos e entendimentos pensando no futuro. Todo mundo diz que você é candidato a deputado federal.

Mas eu sempre fiz isso. Sempre percorri os municípios, sempre trabalhei intensamente nesses momentos, como assessor parlamentar. Já trabalhei dessa forma com o ex-deputado Emiliano José (PT). Fui chefe de Gabinete do governo do Estado (com Wagner). Trabalhei com o ex-ministro Waldir Pires, quando ele foi vereador na Câmara Municipal de Salvador. Isso faz parte do meu trabalho. Claro, eu não descarto ser candidato a deputado federal em 2026, mas essa é uma decisão que será tomada coletivamente no momento certo, após as eleições municipais, no início de 2025. Não pode ser uma posição só minha.

O senador estimula a sua candidatura em 2026?

Ele sempre tem dito que quer renovar os quadros do PT, mas ele não tem como ser um cabo eleitoral exclusivo de uma candidatura só a deputado federal.

Tem a deputada federal Elisangela Araújo, que também foi assessora de Wagner e é ligada ao senador. Surgiu até a especulação de que a sua eventual candidatura em 2026 teria motivado um certo ciúme e estremecimento na relação entre vocês dois. Tem fundamento?

Aproveito agora para esclarecer que isso não existe. Converso frequentemente com a deputada Elisangela. Conversamos em Brasília. Ela me pede ajuda. Como eu estou há mais tempo do que ela em Brasília, ela, que assumiu recentemente a cadeira de deputada, me procura e a gente conversa muito. Elisangela foi minha deputada, do nosso grupo. Ela sabe que há uma aspiração nesse grupo de ter uma outra candidatura nessa linha que Wagner defende, de renovação, mas nem eu nem ela temos nenhum problema e nem nenhum outro companheiro desse grupo. Pelo contrário: a gente até se surpreendeu com essa notícia e falamos muito por telefone e, depois, pessoalmente, porque ninguém entendeu essa especulação de que havia briga.

“Ela (Elisangela Araújo) sabe que há uma aspiração nesse grupo de ter uma outra candidatura nessa linha que Wagner defende, de renovação, mas nem eu nem ela temos nenhum problema”

Alguns petistas no interior também criticam a sua postura de ficar contra o partido em costuras políticas que seriam para fortalecer uma eventual candidatura a deputado federal. Como você vê essas críticas?

É preciso compreender, no caso das eleições municipais, as situações locais. Você deve estar falando especificamente do caso de Ituaçu, na Chapada Diamantina. Lá, o prefeito (Phellipe Brito, do PSD), com quem estou nessas eleições, apoiou Jerônimo e Lula em 2026. Infelizmente, o PT municipal de lá não compreendeu essa lógica.

O governador estimula seu nome como uma possibilidade para 2026, dentro desse processo de renovação petista e no grupo do senador?

Eu não conversei com o governador sobre isso exatamente porque não tem uma decisão do nosso coletivo. Na hora em que tiver uma decisão, vamos obviamente ao governador nos apresentar e pedir ajuda.

Qual sua expectativa para as eleições municipais? O PT terá o crescimento que espera?

Eu acho que o partido cresce. Acho que o presidente Éden fez um grande trabalho ao longo desses quase cinco anos em que ele dirige o partido. Acho que nós ultrapassaremos a marca do que foi a eleição anterior, com alguma folga. Não quero aqui cravar número, mas na última eleição nós fizemos 32 prefeituras. Desde 2008, que foi a nossa primeira eleição municipal estando no governo, foi o nosso resultado mais complicado. Óbvio que é fruto também da conjuntura. Veja que a gente estava fora do governo federal, tinha tido impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT), enfim, tudo o que a gente já sabe, e acho que, com essa retomada, a partir de 2019, sob a liderança do presidente Éden na direção do partido, vamos começar a colher os frutos agora. Além disso, tem a importância do trabalho do governador e você percebe isso na agenda do governador, que ele está empenhado em ajudar o partido. Claro, ele não vai ajudar só o PT, mas também os partidos da base, mas acho que o governador tem um olhar especial para o PT, que é o partido dele, onde ele se construiu, se formou.

“Acho que o governador tem um olhar especial para o PT, que é o partido dele, onde ele se construiu, se formou”

A disputa promete ser intensa para a composição da chapa majoritária encabeçada por Jerônimo em 2026. Como acomodar os partidos aliados e até a possibilidade de o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), reivindicar uma vaga para disputar uma cadeira de senador?

Eu vejo esse como um bom problema, quando a gente tem muitos players que podem ocupar vagas na chapa majoritária. Eu sempre acho que, se a oposição apostar na briga do nosso grupo, ela vai perder de novo, porque eu acho que nós temos muita capacidade política, capacidade de organização e capacidade de compreensão das coisas. E eu não tenho dúvida que nós chegaremos com uma base ainda maior em 2026. Eu acho que o governador vai conduzir isso da melhor maneira, ele vai liderar o processo de montagem da chapa dele e acho que as melancias se ajeitam na carroça.
Eu acho que está muito cedo ainda, eu acho que postular, acho que apontar, especular nomes é normal, é salutar, todo mundo tem direito de querer. O senador Wagner tem meio que uma cadeira cativa na candidatura à reeleição, acho. O senador Ângeo Coronel (PSD) pode postular. O ministro Rui Costa, óbvio, por ser ex-governador, por ter feito o governo que fez, trabalhou para ajudar a fazer o próprio sucessor, também tem o direito de postular, mas isso é uma coisa que nós vamos ver lá na frente, a partir do resultado das eleições municipais e ao longo de 2025.
Eu acho que a gente vai chegar em 2026 coeso para a reeleição do presidente Lula (PT), a reeleição do governador Jerônimo e a montagem da nossa chapa aqui, que não vai ter grandes problemas não.

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