Foto: Lula Marques/Agência Brasil/Arquivo
O ex-presidente Jair Bolsonaro 28 de março de 2025 | 08:21

Bolsonaro busca ativar militância, intensificar viagens e acirrar discurso contra provável condenação

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) retomou o tom incisivo e aumentou sua exposição pública nos últimos meses. O movimento foi ficando mais claro diante do julgamento da trama golpista no STF (Supremo Tribunal Federal), no qual se tornou réu na quarta-feira (26).

No mesmo dia, ele fez um pronunciamento de 50 minutos e, no fim da tarde, falou com jornalistas por cerca de 45 minutos no Senado.

O objetivo, de acordo com aliados e parlamentares bolsonaristas, é uma correção de rumo na estratégia diante de uma provável condenação criminal: ativar a militância, acirrar a campanha contra o julgamento e tentar se defender.

Há pressa na estratégia, uma vez que a expectativa é de condenação ainda neste ano. Dessa forma, ele busca criar um movimento popular significativo a seu favor, na expectativa de um fato novo que possa mudar o curso do julgamento –seja a aprovação da anistia no Congresso ou uma sanção dos Estados Unidos ao Judiciário brasileiro.

A avaliação professada pelos bolsonaristas é que o ex-presidente sofre uma perseguição do Judiciário e que o processo é político, não criminal. A Primeira Turma o tornou réu junto com outros sete nomes sob acusação de integrar o núcleo central da trama golpista que, em 2022, buscou evitar que Lula (PT) assumisse a Presidência da República.

A decisão do Supremo abre caminho para julgar o mérito da denúncia contra Bolsonaro até o fim do ano, em esforço para agilizar o trâmite e evitar que o caso seja contaminado pelas eleições presidenciais de 2026.

Para ativar a militância, aliados entendem que o melhor é deixar Bolsonaro falar, inclusive sem roteiro. Ele apenas foi orientado a não xingar nem a falar palavrões em suas críticas —no passado, chegou a chamar Moraes de canalha.

Nas falas mais recentes, o ex-presidente usou um tom mais explosivo e retomou temas como a ofensiva contra o sistema eleitoral. “Eu não sou obrigado a acreditar, confiar num programador. Eu confio na máquina”, disse na quarta.

Marianna Holanda e Thaísa Oliveira/Folhapress
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