Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados/Arquivo
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ) 28 de março de 2025 | 21:46

Líder do PL usa prisão domiciliar de mulher que pichou ‘perdeu, mané’ para defender anistia

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O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), usou a prisão domiciliar da cabeleireira Débora Rodrigues, autorizada nesta sexta-feira, 28, para defender a anistia aos condenados pelos Atos de 8 de Janeiro. Débora, que pichou a frase “perdeu, mané” com um batom na Estátua da Justiça, teve o benefício concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Pelo X (antigo Twitter), Sóstenes afirmou que Débora foi solta por “vergonha”. “Porque o mundo vê o que fizeram, perseguiram inocentes”, afirmou Sóstenes. A cabeleireira está sendo julgada pelo Supremo por cinco crimes relacionados a participação dela na depredação dos prédios públicos.

Desde o início de fevereiro, o líder do PL articula com partidos de centro e centro-direita apoio para projeto que anistia os condenados pelos atos golpistas. Segundo Sóstenes, na próxima semana, ele vai exigir “votos, nomes e coragem”.

“O Congresso vai escolher entre dois lados: o do povo ou da história suja”, afirmou Sóstenes. O parlamentar alegou ainda que a concessão da prisão domiciliar para a cabeleireira mostra que o “sistema começa a recuar”.

Sóstenes pretendia colocar o projeto da anistia como prioridade do PL para ser votado no plenário da Câmara ainda neste mês de março. Porém, a falta de um acordo com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), fez o líder do partido reconsiderar o movimento.

Segundo o Placar da Anistia do Estadão, 191 deputados apoiam a anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro, enquanto outros 126 rejeitam a ideia. Os que não quiseram responder somam 104 e 92 não deram retorno. Ou seja, a proposta já tem apoio suficiente para tramitar em regime de urgência, além de estar a 67 votos de conseguir apoio da maioria absoluta da Câmara.

Juristas enxergam o texto que pode ser colocado em votação na Câmara como “muito amplo” e com brechas que poderiam favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nesta quarta-feira, 26, a Primeira Turma do STF tornou ele, por unanimidade, réu por tentativa de golpe de Estado.

Nesta sexta, Moraes atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para conceder prisão domiciliar para Débora. Ela deverá cumprir uma série de exigências, como usar tornozeleira eletrônica, não acessar as redes sociais e nem conceder entrevistas. Se violar alguma medida cautelar, ela pode voltar à prisão.

O julgamento do destino dela já está em andamento no STF. Moraes e o ministro Flávio Dino votaram para que ela seja condenada a 14 anos de prisão, em regime inicial fechado. Na segunda-feira, 24, o ministro Luiz Fux pediu vistas e indicou que deve rever a dosimetria da pena imposta a mulher.

Em depoimento, a cabeleireira confirmou que vandalizou a escultura com batom vermelho. Ela afirmou que agiu no “calor do momento” após um homem ter pedido a ela que terminasse de escrever a frase no monumento. Também disse que não sabia do valor simbólico e financeiro da estátua.

Gabriel de Sousa/Estadão
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