15 março 2025
Após o presidente do PT na Bahia, Éden Valadares, desistir de disputar à reeleição e o seu grupo, que tem como fiador o senador Jaques Wagner (PT), se defrontar com a difícil tarefa de encontrar um novo nome para substituí-lo, o entendimento na sigla é de que uma candidatura “carimbada” pelo governo irá encontrar resistência, além de ampliar o racha interno já existente na legenda.
Sob reservas, um importante nome ligado ao Palácio de Ondina confidenciou a este Política Livre que dado o perfil dos petistas, sobretudo os “raíz”, que prezam pelo debate amplo e democrático, “dificilmente um nome imposto será aceito”. Ele também explicou que “foi Jaques Wagner quem tomou partido de Éden, e não o governo”, ao completar que as opiniões do governador Jerônimo Rodrigues, do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e do próprio Jaques Wagner vão “influenciar, mas não serão decisórias, sob o risco de acontecer o mesmo que ocorreu com a escolha de Geraldo Jr. (MDB) como candidato a prefeito de Salvador, que foi de cima para baixo”.
Surpresa?
Informações chegadas à reportagem apontam que a desistência de Éden Valadares, embora tenha causado um efeito surpresa em alguns, impactou poucos petistas do núcleo duro do governo. Uma fonte revelou que havia sido feita uma pesquisa interna contendo três nomes sobre a disputa à presidência do PT, na qual ficou constatado que Valadares tinha uma larga desvantagem. “Não é surpresa não, pelo menos boa parte do PT já sabia que ele era ‘carta fora do baralho’ por conta dessa especulação interna. Ele viu que não ia rolar naturalmente e ficou sem energia de levar a candidatura adiante. Ele teria muita dificuldade para enfrentar uma eleição direta por conta do desgaste interno”, contextualizou a fonte.
Conforme mostrou este Política Livre no último domingo (09), Éden Valadares havia se tornado uma figura inacessível, fato que ampliou não somente o desgaste interno como, também, a insatisfação de dirigentes do interior, prefeitos e lideranças. “Ele marcava reunião com prefeitos e não aparecia, desmarcava compromissos com muita frequência e isso se tornou uma constante, algo recorrente. Ele já tinha um perfil cansado, dava bolo em muita gente. Ele é um bom quadro do ponto de vista do debate político, é preparado, mas tem um estilo muito ‘cansadão’”, frisou.
Próximos passos
Citando ter achado os argumentos de Éden Valadares para justificar a sua desistência como “verdadeiros”, o aliado do governo disse que a dúvida que paira no ar é sobre o destino político do, agora, quase ex-presidente do PT.
Mesmo não admitindo de forma categórica, já era sabido nos bastidores que Valadares nutria o desejo de se lançar candidato a deputado estadual nas eleições de 2026. Se antes essa possibilidade era real, agora passou a ser remota já que o mandatário, segundo avaliação de um nome petista, “não criou as condições em torno dele”.
“Ele é um bom quadro dessa nova geração, mas para disputar uma candidatura é necessário mais energia para correr os territórios, organizar a bancada, falar com os representantes dos partidos. Enquanto presidente, ele não fez isso, então acho muito difícil que ele saia candidato no ano que vem”, afirmou.
Carine Andrade, Política Livre