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Atual presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo (PT) 10 de novembro de 2014 | 07:34

Uma sucessão ainda no começo, por Raul Monteiro

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Depende basicamente do governador eleito, Rui Costa (PT), o projeto de reeleição do deputado estadual Marcelo Nilo, do PDT, à presidência da Assembleia Legislativa da Bahia. Apesar do discurso de que não se envolverá no processo de escolha do novo presidente, o mesmo repetido pelo governador Jaques Wagner (PT) nas outra quatro sucessões na Casa, Rui vai tomar parte na eleição por um motivo simples: o cargo é o segundo mais importante na hierarquia político-administrativa do Estado, após o de governador, cabendo ao presidente do Legislativo, inclusive, eventualmente, substituir o chefe de governo, no caso de impedimento seu e do vice.

Mas o posto interessa a Rui, como interessa a qualquer governador, porque, num sistema presidencialista, o poder de quem comanda a Assembleia é grande, podendo influenciar decisivamente nos rumos do governo a partir da Casa Legislativa, onde têm assento 63 parlamentares. Marcelo enfrenta resistências ao projeto de reeleição principalmente por parte do PT, primeiro, porque é quinta vez que disputa a presidência, o que tem levado ao sentimento difuso na Casa de que lá a fila não anda, isto é, não se abrem oportunidades para outros parlamentares comandarem o Legislativo há pelo menos oito anos.

Segundo, porque o novo governador não é mais Wagner e sim Rui, o que, naturalmente, estimula o sentimento entre os deputados de que, embora sem rupturas, como aconteceu no caso da eleição ao governo, é preciso também mudar algo. Nestes oito anos em que Wagner tem sido governador, Nilo foi um excelente presidente da Assembleia para o governo, sem descuidar dos parlamentares, cuja vida depende, naturalmente, de tranquilidade e facilidades no Poder Legislativo. O único ruído na relação dos dois foi no período da escolha por Wagner de Rui para candidato ao governo, posto que o presidente da Assembleia também cobiçou.

Mas o estremecimento entre os dois duraria pouco, a ponto de Nilo mergulhar de cabeça na campanha pela eleição de Rui, jogando papel decisivo no confronto à expectativa de que Paulo Souto, então candidato do DEM, era o favorito na disputa, por meio do Instituto de Pesquisa Babesp, conhecido também como DataNilo, o único a apontar o crescimento da candidatura petista num momento em que pouca gente, inclusive os aliados, desconfiavam de sua viabilidade eleitoral. Deputados petistas reconhecem o denodado empenho de Nilo pelo sucesso do governo, mas hoje acham que não é suficiente para que ele obtenha novo aval do executivo para ficar no posto.

O problema é que o nome que mais se ensaia para assumir a candidatura “oposicionista” à presidência é o do deputado petista Rosemberg Pinto, cuja relação com o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, fizera com que defendesse sua candidatura ao governo com unhas e dentes em detrimento e às vezes até em confronto com a do próprio Rui. Mas existem outros nomes na bancada aos quais os petistas fazem também referência, entre os quais o mais citado é o do colega de bancada Paulo Rangel, além de rumores de que poderiam apoiar um deputado de outro partido só para encerrar o “reinado” de Nilo. É aguardar até fevereiro, quando a eleição ocorrerá.

Artigo publicado originalmente no Tribuna da Bahia*

Raul Monteiro
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