Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O dólar fechou o pregão desta sexta-feira, 08, em forte queda, de 5,35% 08 de junho de 2018 | 19:17

Com maior recuo em quase 10 anos, dólar cai 5,35% e fecha em R$ 3,70

economia

Depois de escalar a R$ 3,96 e fechar cotado a R$ 3,91 na quinta-feira, o dólar fechou o pregão desta sexta-feira, 08, em forte queda, de 5,35%, cotado a R$ 3,70. O recuo foi o maior desde o dia 24 de novembro de 2008, quando o dólar caiu 5,52% em um único dia. O movimento é uma reação à oferta adicional de US$ 20 bilhões ao mercado pelo Banco Central (BC) e também à firme disposição da autoridade monetária de conter a volatilidade no mercado, que nesta ontem fechou na maior cotação em mais de dois anos. A Bolsa seguiu em desvalorização e fechou em baixa de 1,23%, aos 72.942,07 pontos. A estratégia do Banco Central para acalmar o mercado de câmbio deu certo e o dólar fechou em forte queda nesta sexta-feira, de 5,35%, a maior desde 24 de novembro de 2008, ou seja, em meio à crise financeira mundial, período em que a autoridade monetária também atuou forte para conter a pressão no real. Depois de encostar em quase R$ 4,00 ontem, o maior nível em mais de dois anos, a moeda norte-americana terminou o dia em R$ 3,7050 e zerou as perdas do mês. Na semana, a divisa recuou 1,48%. Mas a trégua desta sexta-feira pode não ser duradoura e especialistas em câmbio alertam que o nervosismo pode voltar na semana que vem, que tem dois eventos importantes: a nova pesquisa eleitoral do Datafolha, que será publicada domingo, e a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que começa na terça-feira, 12. O dólar já abriu a sexta-feira em queda e seguiu assim o dia todo, refletindo a entrevista dada na noite de ontem pelo presidente do BC, Ilan Goldfajn, que voltou a falar hoje em evento em São Paulo. Na entrevista, ele anunciou que a instituição vai colocar mais US$ 24 bilhões no mercado de câmbio até o final da semana que vem por meio de contratos de swap. Além disso, desmentiu boatos de que deixaria o BC ou que haveria uma reunião extraordinária do Comitê de Política Monetária (Copom), além de descartar alta de juros para segurar o real. Hoje, o BC realizou o primeiro leilão extraordinário e injetou ao todo US$ 3,75 bilhões no mercado. “O BC mandou recado muito forte ao mercado. Ilan prometeu ontem e cumpriu hoje”, disse o superintendente de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes da Silva. Para ele, depois do silêncio nos últimos dias, o presidente da autoridade monetária mostrou “ação firme” e conseguiu, com isso, desmontar posições defensivas que os agentes estavam fazendo até quinta-feira. Com isso, aumentou a pressão vendedora do dólar. Na máxima do dia, o dólar encostou em R$ 3,86 e na mínima em R$ 3,69 – uma diferença de 17 centavos. Apesar da queda hoje do dólar, o analista da Correparti ressalta que a tensão vista nos últimos dias no mercado pode continuar. Mesmo com o discurso do BC, que só nesta semana injetou US$ 10 bilhões em dinheiro novo no mercado, o pano de fundo do cenário no Brasil não mudou. Na economia, bancos voltaram a rebaixar projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país este ano. Só hoje, Itaú Unibanco, Bradesco e Bank of America Merrill Lynch anunciaram novos cortes. No caso do Bofa, a previsão caiu de 2,1% para 1,5%. No ambiente político, a incerteza sobre as eleições segue elevada e a pesquisa do Datafolha pode contribuir para amplificar o nervosismo caso mostre, por exemplo, que Ciro Gomes e Jair Bolsonaro ganharam pontos no levantamento. Para o diretor de um banco estrangeiro, o que ajudaria a retirar a pressão no dólar seria se o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ganhasse força na pesquisa, o que por enquanto parece improvável. Um dos temores do mercado com Bolsonaro, disse este diretor, é que, se ele ganhar, vai ser difícil conseguir apoio no Congresso para aprovar medidas de governo. “É preciso alguém com capital político forte”, afirmou.

Estadão Conteúdo
Comentários