Foto: Divulgação/Arquivo
Fernando Haddad 23 de agosto de 2018 | 09:35

Uma idéia chamada Fernando Haddad, por Raul Monteiro*

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Depois do vídeo exibido na página do PT, quem melhor expressou o que significa Fernando Haddad para o partido neste momento foi o governador Rui Costa (PT), na terça-feira, durante evento de que o hoje candidato a vice na chapa do ex-presidente Lula foi, no auditório do hotel Fiesta, a principal estrela. Dirigindo-se à militância petista, Rui disse que acreditava em Lula, no PT e no 13 como uma idéia a que as pessoas associavam um período de prosperidade e alegria na vida do país e de seu povo, o qual elas desejam imensamente que volte nestas eleições.

Associado ao ex-presidente e ao conceito de que existem vários Lulas país afora, Haddad é tudo de que o partido dispõe hoje para enfrentar a sucessão presidencial, uma vez que não há prognóstico sério no Brasil que não antecipe que o registro da candidatura do ex-presidente será impugnado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), abrindo a brecha para que o vice se torne o candidato oficial petista. Rui disse mais. Exortou a todos, principalmente os candidatos a deputado, a utilizarem o nome de Lula e o 13 em seu material de campanha, se quiserem efetivamente conquistar votos em outubro.

Chegou a lembrar que, quando concorreu ao governo pela primeira vez, em 2014, achava que era conhecido do eleitorado por ter sido um deputado federal eleito, no pleito anterior, com mais de 200 mil votos, mas enganou-se. Sua vitória só viabilizou-se com a associação ao nome de Lula. O governador está, naturalmente, embalado pelas pesquisas de opinião que apontam a liderança disparada no índice de intenções de votos à sucessão presidencial do ex-presidente, apesar de sua sui generis condição de presidiário, já que, quando iniciou seu governo e em grande parte dele, no auge da crise do PT, Rui buscou se distanciar o que pôde da imagem do partido.

Quanto à Haddad, não seria jamais convidado para participar da discussão da campanha petista com Rui e a cúpula do PT na Bahia, um dos redutos do petismo hoje no país, e, depois, a percorrer as ruas da Liberdade, que muitos tentaram construir, durante o trajeto, como um símbolo da luta de Lula contra a prisão, se não estivesse efetivamente sendo preparado para assumir o lugar de titular, pelo petismo, na disputa presidencial. Afinal, como disse ontem um deputado petista que acompanhou sua trajetória pelo bairro mais popular, mais negro e adensado de Salvador, “não se faz festa para vice”.

As condições estabelecidas não tiram do petismo o grande desafio de, confirmada a saída de Lula da cena eleitoral, conseguir comunicar a tempo a candidatura de Haddad e o fato de ser o representante do ex-presidente no pleito de outubro, conforme analisou ontem Mauro Paulino, diretor do Instituto Datafolha. Segundo ele, Haddad chega a ser menos conhecido entre os lulistas fiéis do que entre seus detratores. “Quase metade dos que enaltecem o ex-presidente, tanto como candidato quanto como cabo eleitoral, não sabe quem é Haddad, mesmo que só de ouvir falar”, completou. O desafio do PT, portanto, é enorme.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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