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Analista político Felippe Ramos 22 de setembro de 2021 | 18:27

´Populistas sempre falam em fraude quando há possibilidade de derrota’, diz analista

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O analista político Felippe Ramos, em entrevista à TV TN, da Argentina, ao analisar a conjuntura política brasileira após as manifestações realizadas por apoiadores do presidente da República Jair Bolsonaro, em 7 de Setembro, salientou que “na comunidade acadêmica, há um consenso sobre os movimentos populistas: os líderes populistas sempre falam de fraude quando há a possibilidade de uma derrota nas eleições”. O analista, que deu a entrevista direto de Salvador, comentou sobre declarações dadas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL/SP), à mesma emissora, quando o filho do presidente teria citado a existência de fraudes nas eleições brasileiras.

“Como os líderes populistas dizem ‘eu sou o povo’ – ‘o povo sou eu’, como dizia Chávez, na Venezuela – então a perspectiva de ser derrotado pela urna não pode ser aceita. Se ele é o povo, o povo tem que votar nele. Então, quando se percebe que a onda mudou, que há uma perspectiva de derrota, costuma-se falar em fraude”, avaliou Felippe Ramos. Ele pontuou, durante o comentário, que essa seria o mesmo padrão de comportamento do ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Como apontou Ramos, tanto Trump quanto Bolsonaro apontaram a existência de supostas fraudes quando venceram as eleições de 2016 e 2018, respectivamente, mas usando o argumento que teriam muito mais votos se as eleições fossem, como consideram, limpas.

O analista diz não haver histórico de fraude no Brasil ou histórico de fraudes que tenham alterado resultados eleitorais. “Não somente Bolsonaro foi eleito, mas também três filhos dele e muitos aliados no Congresso Nacional que nunca haviam sido eleitos e foram eleitos sob a onda bolsonarista”, apontou o comentarista, que entende ser o bolsonarismo “um movimento concreto no Brasil, que foi legitimado pelas urnas”.

Corrupção

Ele também disse acreditar que temas como os da corrupção ou do combate às práticas corruptas não sejam o centro das discussões nas eleições de 2022, mas a gestão da pandemia, a volta da fome e do desemprego, pontos que ele entende explicarem a liderança do ex-presidente Lula (PT) nas mais recentes pesquisas eleitorais. Felippe Ramos diz que o próprio afastamento do presidente Bolsonaro do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro deve também implicar esse sumiço da corrupção dos debates eleitorais.

“Segundo dito pelo próprio ministro Sérgio Moro, o presidente queria proteger seus filhos de investigações policiais. Com isso, o governo Bolsonaro e movimento bolsonarista têm tentado deixar de lado o tema do combate à corrupção porque, inclusive, o governo Bolsonaro foi responsável por desfazer a Operação Lava Jato. Então, com a crise econômica e com a pandemia que há no Brasil, o foco está muito mais sobre a gestão da saúde pública”. Ele apontou que esse tema da saúde pública é pauta de investigação no Congresso Nacional, com a CPI da Pandemia no Senado.

Davi Lemos
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