Adriano Peixoto

Relações de Trabalho

Adriano de Lemos Alves Peixoto é PHD, administrador e psicólogo, mestre em Administração pela UFBA e Doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia do Trabalho da Universidade de Sheffiel (Inglaterra). Atualmente é pesquisador de pós-doutorado associado ao Instituto de Psicologia da UFBA e escreve para o Política Livre às quintas-feiras.

O Efeito Hawthorne

Na segunda metade dos anos vinte, uma série de estudos experimentais foi conduzida por pesquisadores  da Escola de Negócios de Havard na fábrica da Hawthorne Works nos subúrbios de Chicago. Na verdade, quatro pesquisas diferentes foram realizadas, mas apenas uma delas, ganhou notoriedade, sendo conhecida como o experimento da iluminação. Sua importância para a área da gestão é tão grande que estes estudos deram origem à chamada Escola das Relações Humanas.

De forma simplificada podemos dizer que os pesquisadores buscavam identificar o efeito das condições de trabalho sobre a produtividade e a moral dos trabalhadores. Por se tratar de um estudo experimental, dois grupos foram constituídos: um grupo (controle) no qual as condições de trabalho eram mantidas constantes, e um segundo grupo (experimento) onde eram introduzidas variações na intensidade de iluminação. Ao proceder desta forma, os pesquisadores podiam atribuir quaisquer alterações observadas à única coisa que diferenciava os dois grupos. No caso, a iluminação.

Organizados desta forma, os pesquisadores aumentaram a iluminação de um dos grupos. Para sua surpresa (mas nem tanto), o nível de produtividade aumentou. Eles aumentaram a luz mais uma vez, e a produtividade voltou a subir. A princípio, motivo de alegria já que estava tudo caminhando na direção correta. Entretanto, quando eles reduziram a luz, a expectativa era a de que a produtividade caísse já que esse era a “única” coisa diferente no ambiente de trabalho, mas para surpresa de todos a produtividade continuou a crescer. A coisa toda ficou ainda mais confusa quando eles observaram que no grupo de controle a produtividade também crescia mesmo que nada de diferente estivesse acontecendo por lá! Nesse ponto a confusão (teórica) estava instalada e os pesquisadores tiveram que se dedicar a compreender o que estava ocorrendo, já que o comportamento dos trabalhadores estava sob influência de algo mais do que a iluminação.

Ao final, eles chegaram à conclusão de que o aumento de produtividade era devido ao fato de que os trabalhadores estarem sendo objeto de atenção. Ou seja, o aumento de produtividade se dava simplesmente porque na percepção dos trabalhadores alguém estava preocupado com eles e pelas oportunidades que eles tinham de discutir aspectos da mudança antes delas ocorrerem.

Estes estudos deixaram claro que o indivíduo faz parte de um contexto social, estabelecendo de forma definitiva de que os trabalhadores são influenciados pelo que ocorre em seu contexto, pelas pessoas com quem eles trabalham  e interagem, tanto quanto pelas suas habilidades técnicas. Essa descoberta foi tão importante que os pesquisadores cunharam a expressão Efeito Howthrone (também conhecido como efeito do observador) que consiste em uma forma de reatividade (reação) das pessoas que melhoram ou modificam algum aspecto do seu comportamento em resposta ao simples fato de que eles sabem que estão sendo observados, não em resposta à manipulação de qualquer outro tipo de variável.

Hoje, passados quase noventa anos dos estudos originais fica a dica de que prestar atenção aos trabalhadores e ao que eles têm a dizer pode ser uma forma simples e barata de aumentar a eficiência e o desempenho de sua organização.

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