Adriano Peixoto

Relações de Trabalho

Adriano de Lemos Alves Peixoto é PHD, administrador e psicólogo, mestre em Administração pela UFBA e Doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia do Trabalho da Universidade de Sheffiel (Inglaterra). Atualmente é pesquisador de pós-doutorado associado ao Instituto de Psicologia da UFBA e escreve para o Política Livre às quintas-feiras.

O IPEA e a Produtividade do Trabalho

O Instituto de Pesquisa Econômicas e Aplicadas-IPEA publicou, na última quinta feira, uma coletânea de textos que merece ser lido por todos aqueles que têm um interesse na temática do desenvolvimento econômico e no mundo do trabalho. São quatro estudos totalmente voltados para a questão da produtividade do trabalho, um tema que, em minha opinião, não recebe a devida importância na agenda política que normalmente acompanha as discussões e decisões dos nossos agentes econômicos. Os resultados apresentados são preocupantes e exigem uma reorientação das políticas de desenvolvimento se pretendemos continuar crescendo de forma sustentada pelos anos vindouros.

Para o IPEA, o modelo de crescimento econômico sobre o qual se apoiou a economia nos últimos anos parece ter chegado ao seu limite, uma vez que parte importante expansão observada deu-se com o aumento paulatino das taxas de ocupação da força de trabalho que não tem mais como manter o ritmo de expansão anterior. Como as taxas atuais de desemprego estão muito próximas de seus limites econômicos, a solução para o crescimento se dá pela ampliação da produtividade dos trabalhadores que hoje estão empregados. Por outro lado, o ligeiro aumento das taxas de produtividade do trabalho observada na última década deveu-se basicamente à excepcional contribuição do setor agropecuário e da indústria de extração. Dois setores de baixo valor agregado aos seus produtos que demandam por mão de obra de baixa qualificação e, portanto, de baixa remuneração. Já o desempenho da indústria de transformação foi tão ruim que se pode assumir que sua capacidade de competir no mercado externo no futuro está comprometida, em se mantendo o quadro atual.

Há ainda a constatação, uma vez mais, de que quando comparamos o desempenho do Brasil com o de seus concorrentes diretos no mercado global o resultado não é nem um pouco animador. Isso significa que ainda que tenhamos evoluído, o fizemos a taxas inferiores aos demais países. Aumentamos a nossa ineficiência relativa e minamos a nossa capacidade de sustentar uma posição competitiva no mercado. Em outras palavras, precisamos de mais trabalhadores do que nossos concorrentes para fazermos as mesmas coisas. Não precisa ser nenhum prêmio Nobel para perceber que isso gera um custo adicional que penaliza o consumidor nacional.

Se estiver correto o que os economistas nos asseveram, que o grau de bem estar de uma sociedade guarda relação com o nível de produtividade de sua economia, fica claro que não podemos fugir desta discussão e que devemos enfrentar os problemas que entravam a nossa economia. Existem três caminhos principais que podem ser trilhados para expandir a produtividade no trabalho: a) aumentar o investimento de capital via introdução de novas máquinas e tecnologias; b) expandir a qualificação dos trabalhadores de modo que desenvolvam as habilidades que lhes permitam uma melhor utilização das máquinas e tecnologias empregadas no trabalho; c) introduzir novos arranjos e processos de trabalho que superem as limitações dos modelos tradicionais de produção. Neste último ponto a discussão sobre a terceirização que está em curso com a PL 4030 se encaixa perfeitamente. Não atacar essa situação agora significa que a conta de nossa omissão será cobrada pelas futuras gerações.

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