Adriano Peixoto

Relações de Trabalho

Adriano de Lemos Alves Peixoto é PHD, administrador e psicólogo, mestre em Administração pela UFBA e Doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia do Trabalho da Universidade de Sheffiel (Inglaterra). Atualmente é pesquisador de pós-doutorado associado ao Instituto de Psicologia da UFBA e escreve para o Política Livre às quintas-feiras.

Psicologia e Economia

Shakespeare é o cara! É dele, em pleno século XVI, um dos melhores insights sobre o Brasil e o funcionamento de nossas instituições políticas: “Existem mais coisas entre o céu a terra do que pode sonhar a nossa vã filosofia”. A presciência do bardo inglês somente foi superada pela análise precisa do presidente francês Charles De Gaulle nos anos sessenta quando, em plena Guerra das lagostas, afirmou: “O Brasil não é um país sério!” Mais do que contribuir para o anedotário político ou servir de combustível para manifestações de rua, expressões como estas, que ressaltam características negativas do nosso ambiente institucional, podem ajudar a compreender algumas das dificuldades que enfrentamos para a construção de um ambiente econômico que favoreça a mudança e o crescimento econômico.

A explicação não é direta, mas é relativamente simples de compreender. Para auxiliar nessa empreitada vamos pedir auxílio aos universitários e chamar Douglass North, prêmio Nobel de economia em 93, para o centro do debate. Trabalhando na intercessão da Economia com a Psicologia Cognitiva ele construiu um argumento básico: o mundo tal como o percebemos é fruto da mente humana não existindo de forma independente fora dela.

Conhecemos e construímos o mundo à medida que com ele interagimos. Assim, a cultura, conjunto de comportamentos e significados que as os membros de uma comunidade atribuem às suas ações e expressões, assume um papel fundamental para a compreensão e explicação dos fenômenos sociais, inclusive os econômicos. A noção de cultura inclui valores, visões, normas, linguagem, sistemas de símbolos e crenças e hábitos. Ela também expressa o padrão de comportamentos coletivos e pressupostos que são ensinados a todos os membros de uma coletividade, bem como a forma de perceber, pensar e até mesmo sentir o mundo ao seu redor.

Voltando à economia, um aspecto essencial para o sucesso de longo prazo das sociedades desenvolvidas reside no desenvolvimento de modelos mentais (normas informais, formas de pensar, cultura) bastante específicos. Estes modelos compõem o sistema de crenças que serve de base para o desenvolvimento de um sem número de habilidades que são utilizadas para confrontar os problemas do ambiente humano.

Neste contexto, as instituições passam a desempenhar um papel central em todo esse sistema já que elas têm a responsabilidade de estabelecer e fazer cumprir normas (elementos da cultura) que moldarão modelos metais e, consequentemente, comportamentos.

É por este motivo que percepções negativas sobre as instituições sociais e seu funcionamento podem ser associadas à possibilidade, ou não, de desenvolvimento e mudança econômica e social. Neste contexto, a denúncia das disfunções e distorções do sistema político passa a ser tarefa obrigatória dos que ainda guardam a utopia de um mundo melhor.

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