Nelson Pelegrino 20 de junho de 2012 | 11:21

EXCLUSIVO: Alianças de ACM Neto e postura de João Henrique impõem novos desafios a Pelegrino

salvador

Não tivesse vacilado sob a influência de princípios presunçosos e o PT estaria hoje em melhores lençóis na sucessão municipal de Salvador.

Afinal, se a aliança do candidato do DEM, ACM Neto, com o PV já deixara o partido do adversário Nelson Pelegrino sob forte ansiedade para avançar com a formalização de coligações na direção do Palácio Thomé de Souza, agora, com o apoio explícito do PTN ao democrata, a urgência não pode mais ser resolvida.

O avanço das composições político-eleitorais que o favorito na corrida sucessória executou com a agilidade que falta ao petista Nelson Pelegrino o coloca naturalmente em vantagem competitiva ainda maior em relação ao pré-candidato do PT, que ainda não fez sua convenção.

Estão na base da campanha de ACM Neto, além do DEM, que é seu próprio partido, o PSDB, o PPS, o PV e, agora, o PTN. Antes de perder o último partido, sobre o qual investiu oferecendo até a vice, Pelegrino já havia praticamente visto se desgarrar o prefeito João Henrique, que influiu decisivamente no rumo contrário tomado pelo PTN.

Tudo indica que o pré-candidato do PT perderá também o PP, partido do prefeito, que agora se vê obrigado a relançar a pré-candidatura do deputado federal João Leão. Com muita sorte, Pelegrino poderá “conquistar” os “aliados” PCdoB, PDT e PTB, os quais estudam seriamente a possibilidade de sair num blocão com candidato próprio.

O PR, de César Borges, que poderia ser um novo ponto de apoio a Pelegrino, tem um pré-candidato, Maurício Trindade, que, como o ex-senador, alega nunca ter sido sequer ouvido pelo PT baiano e o governo estadual, já que se leva em conta que são parte do mesmo líquido.

Antes do imbróglio envolvendo o esgarçamento da relação com João Henrique, cuja importância é dada pela máquina municipal que comanda, Pelegrino já havia sido avisado de que precisava aprender a terrível lição de como negociar com ele.

Desde o princípio, João Henrique sinalizava que não pretendia se jogar de cabeça em nenhuma das duas principais campanhas à Prefeitura. Antes, gostaria de manter um pé em cada um dos barcos – o do democratas, aparentemente mais leve e, por isso, mais rápido, e o do petismo.

Assim, se livraria do ônus de sucumbir com o eventual derrotado, construindo boas condições de se preparar para a sua mais nova e obsessiva meta, inscrita no universo da corrida sucessória de 2014.

A exigência velada do prefeito nunca foi observada, assim como o requisito explícito de que o PT precisava parar de bater-lhe, além de passar a defender seu legado na administração de Salvador, foi totalmente desconsiderado.

O resultado está aí. É o que Pelegrino e o grupo que o cerca mais de perto estão cansados de saber.

Raul Monteiro
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