Foto: Igo Estrela/Editora Globo/Arquivo
27 de novembro de 2013 | 10:37

Visão de Wagner sobre Eliana mostra desprezo por opinião

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Em entrevista à edição de hoje do jornal A Tarde, o governador Jaques Wagner (PT) admitiu não saber se o ingresso da ministra Eliana Calmon no PSB para disputar uma vaga ao Senado terá um impacto muito grande no processo eleitoral, principalmente na candidatura da senadora Lídice da Mata ao governo.

“Do ponto de vista da candidatura do PSB, trata-se de alguém com musculatura. Se isto vai ter impacto positivo na questão eleitoral, acho que é muito precipitado (analisar agora)”, declarou o governador. Wagner baseia a avaliação no fato de que não basta ter uma imagem imaculada e grande projeção pública para ganhar uma eleição.

“Os critérios pelos quais o povo escolhe seus representantes passam por muitas coisas, além da própria qualificação da pessoa”, disse. Ele tem razão. Eleições não se definem apenas no chamado voto de opinião, onde contribuem para a conquista do eleitor elementos como a boa imagem pública, a história e a qualificação do candidato.

Lamentavelmente, muito de uma disputa eleitoral é definido por dinheiro e a chamada estrutura, com seus mecanismos às vezes explícitos outras disfarçados de compras de votos, para a qual colaboram as máquinas políticas e administrativas, como os governos comandados pelos políticos.

Portanto, é isso que pode dificultar a eleição de Eliana. Não seria o caso se ela tivesse se filiado a um partido da base para concorrer ao Senado na chapa encabeçada pelo PT. Mas a ministra preferiu o caminho inverso, apesar do “viés esquerdista” identificado nela desde a época de estudante pelo jornalista Ivan Carvalho.

Eliana e o colunista de política da Tribuna foram colegas na Faculdade de Direito da UFBa. Antes de filiar-se ao PSB, Eliana conversou com o DEM e o PSDB, portanto, com legendas que estão no campo oposto ao do PT na Bahia. Com certeza, avaliou que o partido de Wagner não merecia receber o capital político que carrega.

Sua ida para o PSB levou em conta, naturalmente, o fato de Lídice da Mata, como candidata ao governo, ter que assumir uma proposta alternativa à do PT, mesmo havendo colaborado até agora com o governo de Wagner. A simples presença de Eliana empurra a cabeça de chapa nesta direção.

Quanto ao impacto político da participação da ministra nas eleições, é inegável. Com ele, deverá colaborar em muito o tempo e a qualidade do programa que o PSB deverá colocar no ar, em rádio e TV, na campanha. Eliana já deve ter ouvido, por causa do cenário adverso, que seria mais prudente concorrer a uma vaga de deputada no Congresso.

Seria o caminho, além de mais fácil, mais seguro, de fato. Mas ela não trilhou o caminho mais fácil nem o mais seguro no Conselho Nacional de Justiça, quando enfrentou o corporativismo dos colegas e admitiu que haviam “bandidos de toga”, colaborando para mostrar que magistrados podem e precisam ser fiscalizados.

Não seria agora que iria capitular.

Raul Monteiro
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