Foto: Arquivo/Agência Brasil
Ex-ministro Moreira Franco, um dos quadros mais ligados ao vice-presidente Michel Temer 02 de julho de 2015 | 07:36

PMDB já pensa no futuro sem Dilma, por Raul Monteiro

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Talvez algum Deus tenha uma dica sobre como a presidente Dilma Rousseff (PT) pode dar continuidade a seu segundo mandato, que completa seis meses, batendo na casa dos 68% de impopularidade. Senão, um bruxo ou um mago qualquer, porque, objetivamente, com base em que tudo o que está acontecendo no país por culpa da presidente, é praticamente impossível apostar em que continuará governando. A mesma pesquisa da CNI que apontou o aumento do desgaste do governo baratinado de Dilma diz que subiu de 76% para 82% o total de entrevistados que consideram o segundo mandato dela pior do que o primeiro.

O problema é que Dilma tem ainda três anos e seis meses de segundo mandato pela frente e não existe, pelo menos na percepção das pessoas e dos políticos de bom senso, qualquer possibilidade de que reverta o quadro caótico em que meteu o país melhorando sua própria imagem. Ela começou sob declínio. Tudo conspira contra Dilma: sua arrogância, despreparo, a inflação, o aumento do desemprego, da energia e da água, o Congresso com uma autonomia nunca antes vista na história deste país, seu criador Lula, que quer vê-la pelas costas, as pedaladas fiscais, o PMDB e as revelações do petrolão, que começam a bater às portas do Palácio do Planalto.

Aliás, a pesquisa que coloca Dilma na lona foi feita antes da divulgação de partes da delação premiada do empreiteiro baiano Ricardo Pessoa, da UTC, que revelou ter dado R$ 7,5 milhões para a campanha à reeleição de Dilma, um pixulecão, segundo disse a revista Veja, desviado do superesquema que fraudava contratos na Petrobras. A propósito das revelações de Pessoa, amigo íntimo de Lula e de outros petistas importantes, inclusive baianos, Dilma tentou desqualificá-las de maneira tão pueril que pode até ter cometido crime de responsabilidade, conforme o ex-presidente STF, Joaquim Barbosa.

É uma desastrada nata, do tipo em que o bolo em que bota a mão desanda. É por isso que o PMDB já estuda a melhor hora de desembarcar do governo que ela transferiu para o partido. O ex-ministro Moreira Franco, um dos quadros mais ligados ao vice-presidente Michel Temer, que assumiu a articulação política do governo a pedido de Dilma, admite que a agremiação já estuda o melhor momento de Temer deixar a função, de preferência, depois de aprovado o projeto de ajuste fiscal, que já começou sendo desfigurado pela base e o PT, partido da presidente, que ainda acredita na ilusão de que um país pode ser tocado sem equilibrar receita e despesa.

Não é por acaso que o PMDB acha que pode ter chegado o momento de Temer largar Dilma à própria sorte. O partido mais fisiológico do Congresso sabe, como nenhuma outra agremiação no país, o momento certo de casar e descasar de qualquer projeto político. E Dilma é uma nau à deriva com a qual pode acontecer tudo, menos, levando em conta o conceito de probabilidade, se recuperar e retomar o controle do país. Com um vice que pode a qualquer momento se tornar presidente da República, na hipótese de renúncia ou impeachment da presidente, o PMDB, de fato, já deve ter chegado à conclusão de que é melhor liderar do que ser aliado.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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