17 de agosto de 2015 | 10:55

Desvalorização do yuan na China afeta economias da África

mundo

A desvalorização do yuan gera impactos pelas economias africanas levando as moedas locais a desvalorizar e aumentando a expectativa de que o maior parceiro comercial do continente possa reduzir seu apetite por itens que vão do petróleo ao vinho. Na África do Sul, o rand atingiu sua mínima em 14 anos, a 12,90 rands ante o dólar na sexta-feira, ampliando uma queda de 1,8% desde 10 de agosto e de 11,6% neste ano. As moedas de outros países africanos com laços fortes com a China, como Angola e Zâmbia, também recuaram fortemente, após Pequim desvalorizar o valor do yuan em 2% ante o dólar na semana passada. A demanda chinesa pelo petróleo angolano, pelo cobre zambiano e pelo ouro sul-africano impulsionou uma forte alta no comércio, acelerando o crescimento, mas deixando as economias expostas às mudanças políticas de Pequim. Em 2013, o comércio da África com a China foi estimado em US$ 211 bilhões, de acordo com documento de junho do Banco de Desenvolvimento Africano em junho. O resultado é mais que o dobro do comércio do continente com os EUA. Em comparação, há 15 anos, os EUA comerciavam até três vezes mais com a África que a China. Agora, o yuan mais fraco gera o temor em alguns países africanos de que o poder de compra da China será erodido e de que a segunda economia do mundo pode estar desacelerando ainda mais que o sugerido pelas estatísticas oficiais. A economista-chefe para África do Standard Chartered, Razia Khan disse que a medida da China acontece num momento difícil para muitas economias africanas, afetadas pela volatilidade que leva muitas moedas regionais a desvalorizar, enquanto os preços do petróleo caem e o dólar se valoriza. Segundo ela, os países com uma pauta de exportações específica “estarão em desvantagem substancial”. Angola enfrenta a falta de moeda estrangeira, a queda no petróleo e a demanda fraca da China. A receita de exportações para a China representa quase todo o saldo do país com exportações e também gera quase toda a receita pública. Na Zâmbia, as minas de cobre estão demitindo trabalhadores ou até fechando, por causa de problemas de falta de energia, que tornam muito custosa a produção, enquanto a queda na demanda na China leva os preços a patamares próximos às mínimas em seis anos.

Estadão Conteúdo
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