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Wesley e Joesley Batista 11 de outubro de 2017 | 08:00

Joesley e Wesley surfaram na delação para fazer o que sempre fizeram: levar vantagem, diz procurador

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O procurador-chefe da Procuradoria da República em São Paulo, Thiago Lacerda Nobre, afirmou nesta terça-feira, 10, que os irmãos Joesley e Wesley Batista ‘não imaginavam que seria pegos’ por jogo de mercado. Para o chefe do Ministério Público Federal, no Estado, os executivos ‘surfaram’ na delação para levar vantagem. Joesley e Wesley foram denunciados por uso de por uso de informações privilegiadas e manipulação do mercado, na Operação Tendão de Aquiles. “Simplesmente, com sangue frio, resolveram fazer lucro de algo que parecia para eles, num primeiro instante, desfavorável. Eles realmente fizeram lucro, acredito que não imaginavam que seriam pegos, mas o fato é que as provas nos autos são extremamente robustas e ficou plenamente demonstrado para nós que fizeram manipulação do mercado visando exclusivamente o lucro ou, no caso das ações, minimizar perdas que teriam, enganando todo o sistemas e enganando todo o povo brasileiro de uma forma que, ao que parece, era uma coisa contumaz da parte deles”, disse. O procurador defendeu a manutenção da prisão preventiva dos irmãos. Joesley e Wesley estão custodiados na Superintendência da Polícia Federal, em São Paulo, desde setembro. “São pessoas que fizeram com bastante desfaçatez a prática de ilícitos quando estavam sendo investigados por quase 10 operações e enquanto se discutia um acordo de colaboração premiada, que tem na sua origem o indivíduo entender que cometeu crimes, assumi-los e parar de pratica-los. Eles surfaram na onda de uma colaboração premiada para fazer o que sempre fizeram, ao que parece, levar vantagem dos cofres públicos, de oportunidades que lhes apareciam”, afirmou. “Acreditamos que a prisão preventiva é necessária, uma vez que essas pessoas postas em liberdade novamente nada nos garante que não voltarão a praticar ilícitos. Mesmo afastadas formalmente da direção da empresa, eles têm contatos, amizade, têm caminhos para voltar a praticar o ato delinquente que sempre fizeram.” Segundo a denúncia, Wesley e Joesley atuaram para reduzirem o prejuízo com os papéis e lucrarem com a compra da moeda americana, aproveitando-se da informação privilegiada e, como consequência, manipulando o mercado de ações. Os donos da JBS, afirma o Ministério Público Federal, reduziram prejuízo com compra e venda de ações e lucraram R$ 100 milhões com a compra de dólares dias antes de o acordo de colaboração com a Procuradoria-Geral da República vir à tona. “Eles tinham na mão informações que ia comprometer pessoas da mais alta cúpula dos poderes federais e sabiam que isso, uma vez exposto, uma vez divulgado, haveria um abalo no mercado, basicamente com derrubada de ações da empresa e sobretudo com a valorização do dólar, que foi demonstrado que foi um dos maiores aumentos do dólar em cerca de 20 anos”, disse o procurador.

Estadão
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