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Juiz federal Sérgio Moro determinou ainda em 2017 que ex-advogado da Odebrecht acusado de operar propinas fosse citado para se defender de denúncia na Lava Jato 28 de fevereiro de 2018 | 07:00

Por endereço incompleto, cooperação internacional não intima Tacla Duran

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O Ministério da Justiça espanhol informou as autoridades brasileiras de que não conseguiu intimar o ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran em razão da ausência do número do apartamento e do andar onde ele mora em documento enviado por investigadores brasileiros. O juiz federal Sérgio Moro pediu, em setembro de 2017, cooperação internacional para intimar e dar ciência a Tacla Duran sobre denúncia em que era acusado de lavagem de dinheiro. O coordenador-geral do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça brasileiro, Isalino Antonio Jacomet Júnior, informou ao magistrado que ‘referido pedido foi diligenciado, porém não cumprido pelas autoridades brasileiras, tendo em vista não ter sido possível a citação de Rodrigo Tacla Duran’. “Nesse sentido, na ausência de nova manifestação no prazo de 90 dias, o caso em apreço será remetido ao arquivo interno deste Departamento, nada obstando que, a qualquer tempo, Vossa Excelência formule novo pedido de cooperação ou adote outras providências julgadas pertinentes”, afirma. As autoridades espanholas justificaram que ele não foi citado porque o ‘endereço está incompleto, falta andar e número do apartamento’. “Há 21 residências, seu nome não aparece nas caixas de correio e os vizinhos consultados não o conhecem”. Apontado como operador de propinas da Odebrecht, Duran se recusou a entrar no acordo de delação que envolveu 77 executivos ligados à empreiteira. Em entrevista ao jornal El País, ele acusa a empresa de omitir crimes em colaboração premiada. Duran é acusado de operar, ao lado de executivos do departamento de propinas da Odebrecht, propinas de dois contratos firmados pelos consórcios Pipe Rack e TUC, integrados pelas empresas Odebrecht e UTC, com a Petrobrás para a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A força-tarefa sustenta que ele recebeu R$ 54 milhões de empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato. A Justiça espanhola negou em julho o pedido do Brasil para extraditar o ex-advogado da Odebrecht, que chegou a ser detido em Madri em novembro de 2016. Por ter dupla nacionalidade, Tacla Duran recorreu e conseguiu o direito de responder pelos crimes na Espanha. Como o Brasil não extradita espanhóis, o governo do país europeu ‘aplicou o princípio da reciprocidade’ no caso de Duran, segundo relata Moro, nos autos.

Estadão
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