07 de outubro de 2018 | 09:27

Exército vê em Toffoli garantia da eleição

brasil

A volta do protagonismo dos militares ao primeiro plano da política nacional se caracteriza não só pela provável presença de Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno da eleição presidencial e de outras 113 candidaturas de membros das Forças Armadas a deputado, senador e governador. Ela também se manifesta por meio de declarações de generais que reafirmaram, segundo seu ponto de vista, a disposição de manter “a lei e a ordem no País”. Nesse cenário, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, desponta como a garantia do Alto-Comando do Exército contra ameaças de ruptura. Esse não é um tema fácil para os oficiais – a maioria dos ouvidos pelo Estado não quis se identificar. O papel de Toffoli no segundo turno, no qual devem se enfrentar Bolsonaro e Fernando Haddad (PT), é considerado fundamental para o equilíbrio do pleito. O ministro deu aos militares três “sinais importantes”. Um integrante do Alto-Comando os enumerou: a decisão de não pôr em votação a prisão em segunda instância, o veto à entrevista de Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado pela Lava Jato, e o pronunciamento na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo. Toffoli disse, na segunda-feira (1), que não chamava a derrubada do governo João Goulart, em 1964, nem de golpe nem de revolução, mas de movimento. E expôs a opinião de que, há 54 anos, tanto a esquerda quanto a direita contribuíram para a radicalização e a quebra da ordem institucional. No mesmo dia, proibiu que Lula fosse entrevistado e, na Quinta-feira (4), discursou de novo: “Nunca mais fascismo; nunca mais comunismo”. Antes de assumir o STF, Toffoli tomou a iniciativa de encontrar o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. Pediu que lhe indicasse um nome para sua assessoria. Villas Bôas assentiu, e o ministro levou para o tribunal o general Fernando Azevedo e Silva, ex-chefe do Estado-Maior. “No Alto-Comando, não temos ideia de quebra do estado democrático de direito. Por que o ministro Toffoli solicitou ao Villas Bôas que indicasse um general de Exército? Tem aí várias respostas a essa pergunta”, disse um comandante.

Estadão Conteúdo
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