Resolução do PT aprova candidatura própria em Salvador, mas maioria resiste a Bellintani

Já é questão fechada no diretório municipal do PT de Salvador a construção de uma candidatura própria para as eleições municipais de 2020. A decisão foi firmada na última quinta-feira (17), durante uma reunião do Diretório Municipal, na qual os membros aprovaram uma proposta de Resolução sobre as estratégias eleitorais e a candidatura própria à Prefeitura de Salvador. A indicação ainda pode ser revista pelo novo diretório, que toma posse em janeiro, mas o presidente eleito, Ademário Costa, sinaliza na mesma direção.

O elemento novo no cenário do partido, mas não no universo da política local, é o fato de o nome do ex-secratário da gestão ACM Neto (DEM) e atual presidente do Esporte Clube Bahia, Guilherme Belintani, estar sendo cotado para filiação ao Partido dos Trabalhadores como forma de viabilizar sua candidatura ao maior cargo público do executivo municipal.

A defesa da filiação de Bellintani ao partido foi feita a este Política Livre pelo deputado federal e secretário de Desenvolvimento Rural, Josias Gomes, principal nome da corrente CNB – Construindo um Novo Brasil – na Bahia. A idéia, no entanto, não é consenso ou pelo menos ainda não chegou às correntes internas que tem representação no Diretório Municipal.

Das oito tendências representadas no município – DS, EPS, Resistência Socialista, 2 de Julho, O Trabalho, Articulação de Esquerda, CNB e Avante -, somente a própria CNB, que tem como um de seus representantes no município o suplente de vereador Arnando Lessa, tem insistido abertamente na tese de que Bellintani é o melhor candidato de oposição e por isso deve receber o apoio do PT.

As demais, de maneira geral, decidiram se ater às decisões apontadas na Resolução aprovada. O documento propõe, entre outras iniciativas, afunilar o debate e escolha de um nome até dezembro entre os pré-candidatos já postos – Nelson Pelegrino, Robinson Almeida, Valmir Assunção, Jorge Solla, Moisés Rocha e Vilma Reis -,  e organizar um sistema de caravanas nos bairros e comunidades de Salvador.

O objetivo é dialogar com a militância e a população para a construção de um programa de governo, além de fortalecer o diálogo com os grandes nomes do partido, entre eles o governador Rui Costa e o senador Jaques Wagner.

Gilmar Santiago, que segue na presidência municipal até dezembro e integra a Democracia Socialista (DS), da qual também participam nomes como os de Robinson Almeida, Afonso Florence e do ex-deputado Bira Corôa, reforçou a este Política Livre que, até pelo cargo que ocupa, corrobora com a “decisão do partido” e que não lhe cabe opinar sobre uma eventual filiação de Bellintani.

“O PT já decidiu por candidatura própria e agora é construir as condições para que isso aconteça”. Já o membro da corrente Movimento PT e secretário de Comunicação do PT de Salvador, Paulo Mota, avaliou que “não tem como debater um nome que não está no PT”.

“Bellintani é um grande presidente do Esporte Clube Bahia, pessoa que já passou pela gestão municipal e mostrou ser uma pessoa capaz como gestor, mas a gente nunca debateu dentro do PT a questão do nome dele, até porque ele nunca se colocou, nunca solicitou, nunca perguntou. O PT não pode dialogar porque nunca teve posicionamento do postulante”, afirmou.

Amanda Cunha, secretária de Organização e membro da Resistência Socialista, corrente integrada também pela vereadora Marta Rodrigues, foi enfática ao afirma que a questão “é uma coisa da CNB liderada por Josias. Se Josias tem a pretensão de filiar Bellintani, ele precisa conversar no partido”.

Segundo ela, a opinião da Resistência Socialista também segue os termos da Resolução já definida. “Não estamos discutindo nome que não é do PT. Nossa opção de candidatura é entre os nomes petistas que já se colocaram”, reafirmou Amanda reforçando que trabalha, inclusive, na articulação do nome da socióloga Vilma Reis.