Foto: Raiana Veríssimo/Política Livre/Arquivo
Proposta de Rui ser candidato a prefeito em 2024 enfraqueceria projeto "Denorex" na sucessão municipal do próximo ano 06 de novembro de 2019 | 10:04

Dilemas petistas: Rui para prefeito em 2024 ou o candidato “Denorex” para 2020

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Cresce no entorno do governador Rui Costa (PT) a avaliação de que, depois de seu desejo de ser candidato a presidente da República ter sido mal interpretado pelo PT nacional, ele deveria focar em concluir o mandato no governo do Estado e disputar a Prefeitura de Salvador em 2024.

Para esse time, o governador não tem, na verdade, maior interesse na Prefeitura da capital neste momento, quando aliados dele defendem que apóie a candidatura do presidente do Esporte Clube Bahia, Guilherme Bellintani, à sucessão do prefeito ACM Neto (DEM).

Na visão do grupo que compartilha dessa avaliação, seriam várias as demonstrações que Rui estaria dando de que, apesar de não descartar o projeto Bellintani, não o absorveu com empolgação, principalmente por causa das relações políticas pregressas do presidente do Bahia com o chamado “netismo”.

A primeira experiência na vida pública de Bellintani foi com o prefeito ACM Neto (DEM), do qual foi secretário em duas pastas até repentinamente, sem maiores explicações, se desligar do governo municipal para disputar a presidência da entidade desportiva.

Teria sido neste processo que ele teria se aproximado de figuras ligadas ao governo estadual, que passaram a avaliar a possibilidade de sua candidatura ao Palácio Thomé de Souza sob o argumento de que seria uma espécie de candidato “Denorex”, aquele que parece mas não é “netista”.

Com base em pesquisas e outros levantamentos, este grupo teria concluído que, para ganhar a Prefeitura de Salvador, algo que nunca conseguiu mesmo nestes 13 anos de hegemonia petista no Estado, o melhor seria o PT lançar ou apoiar um candidato que, embora “comprometido” com seu ideário, tivesse um perfil assemelhado ao dos quadros de ACM Neto.

Embalariam o estratagema o alto nível de popularidade do prefeito e de avaliação de sua administração na cidade, que, em princípio, sugerem força suficiente para fazer seu sucessor, mas podem ajudar a eleger alguém de fora de seu grupo que possa ser, paradoxalmente, confundido como membro dele.

A operacionalização do projeto, no entanto, não tem sido fácil nestes primeiros meses, principalmente porque, para ganhar força, o nome de Bellintani precisaria obter, de cara, a adesão do maior número possível de partidos da base estadual, o que não tem sido tarefa tranquila.

Isso não acontece, em parte, porque a trajetória de Bellintani não oferece confiança suficiente nos partidos e dirigentes associados ao governo, mas também por causa da legislação, que para estas eleições extinguiu as coligações proporcionais.

Com a medida, criou-se a exigência de que as legendas lancem candidatos próprios a fim de fortalecer suas bancadas na Câmara Municipal. Com muitos nomes em campo, as forças do governo estadual dispersariam energia que poderia estar concentrada num único quadro.

A consequência mais direta é que isso torna mais difícil a disputa com o grupo do prefeito, que, além da reconhecida competência política, teria, em tese, mais recursos para reunir os partidos que lidera em torno da candidatura do vice-prefeito, Bruno Reis (DEM), que Neto só precisa assumir publicamente.

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