Foto: Marcelo Casal Júnior/Agência Brasil
18 de setembro de 2020 | 09:03

1 em cada 4 empresas do setor de serviços avalia demitir, segundo FGV

economia

Uma em cada quatro empresas do setor de serviços avalia demitir ou até encerrar as atividades quando acabar o período de vigência dos programas emergenciais relacionados à manutenção do emprego do governo federal, segundo sondagem realizada pelo Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Entre as empresas prestadoras de serviço que adotaram algum tipo de medida para preservar o emprego durante a pandemia, como redução de jornada e salário ou suspensão temporária de contrato, 55% dizem que vão fechar ou não conseguirão assumir totalmente a folha de pagamento.

Considerando todos os setores pesquisados (indústria de transformação, comércio, serviços e construção), metade das empresas não adotou medidas de proteção ao emprego, enquanto outras 35% adotaram e dizem que podem agora assumir a folha integralmente.

Já 10% das empresas pretendem demitir até 20% dos quadros, 5% afirmam que vão demitir mais do que esse percentual e 1% cogita encerrar suas operações quando acabar o período de validade dessas medidas.

O levantamento mostra também uma correlação, em quase todos os segmentos, entre procura por esse e outros programas governamentais lançados durante a pandemia, dificuldade de voltar a pagar tributos e de assumir novamente os custos da folha de pagamento.

Esses são os três quesitos que fizeram parte dessa rodada da sondagem empresarial.

Entre os serviços, quase 90% das empresas nos segmentos de alimentação, alojamento e transporte rodoviário recorreram a programas como crédito para manutenção de emprego ou outra finalidade, redução de jornada e salário, suspensão temporária de contrato de trabalho ou postergação de pagamento de tributos, entre outras medidas do governo federal.

A postergação de tributos é citada por 50% das empresas.

Esses são também os três segmentos dos serviços com maior percentual dos que vão demitir: alimentação (39%), alojamentos (34%) e transporte rodoviário (37%).

Nesse último quesito, também se destaca a situação da indústria de bens duráveis (31,7%), o que inclui as montadoras de veículos (27%), e o segmento da construção civil de edificações não residenciais por conta de paralisação em obras de infraestrutura.

Os percentuais de quem espera demitir são menores na indústria de alimentos e nos hiper e supermercados, cerca de 5% em ambos, segmentos que foram menos afetados pela pandemia por conta da produção e venda de itens essenciais.

A expectativa de demissões também é mais baixa no segmento de edificações residenciais (6%), que tem mantido o ritmo de produção durante a crise.

“Essa dificuldade de assumir a folha de pagamento está nos mesmos setores que foram os mais afetados, que tiveram de utilizar mais os programas do governo e que estão com mais dificuldade de se recuperar em 2020”, afirma Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das sondagens do Ibre.

Folha de S.Paulo
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