Foto: Tiago Queiroz/Estadão
Frederick Wassef, antigo advogado de Flavio Bolsonaro 25 de setembro de 2020 | 21:30

Após ser denunciado, Wassef diz que não há provas contra ele

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Após ser denunciado pela força-tarefa da Operação Lava Jato nesta sexta-feira, 25, o advogado Frederick Wassef, ex-defensor da família Bolsonaro, se manifestou sobre as acusações por peculato e lavagem de dinheiro.

Em nota divulgada à imprensa, Wassef negou as imputações e afirmou que a denúncia é ‘baseada em absolutamente nada’.

“Estão criminalizando a advocacia no Brasil”, disse. “A denúncia do Ministério Público Federal é inepta e não descreve qualquer conduta praticada por mim ou mesmo qualquer crime, tendo se limitado a narrar simplesmente pagamentos de honorários advocatícios por serviços devidamente prestados, inovando no Brasil, transformando o regular exercício da advocacia em crime, de forma irresponsável e sem medir as consequências de dano de imagem e reputação a minha pessoa”, completou.

Além de Wassef, a Lava Jato do Rio acusa a sócia dele, Marcia Zampiron, o empresário Marcelo Cazzo, a advogada Luiza Nagib Eluf e o ex-presidente da Federação do Comércio do Rio, Orlando Diniz, no âmbito da Operação E$quema S, deflagrada no início do mês para investigar suspeitas de irregularidades na relação entre escritórios de advocacia e o Sistema S do Rio. Na ocasião, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, colocou 26 pessoas no banco dos réus por suposta participação no mesmo esquema, sendo 23 advogados.

As investigações apontaram contratos supostamente falsos firmados entre bancas de advocacia e o Sesc, Senac e Fecomércio. “Os serviços arrolados não foram prestados ou foram prestados no interesse exclusivo de Orlando Diniz para, por exemplo, a perseguição de adversários pessoais”, diz a Lava Jato.

O ponto de partida as apurações foi a delação premiada do próprio Orlando Diniz. Em depoimento, o ex-presidente da Fecomércio do Rio contou que buscava ‘comprar uma solução política’ e se ‘blindar das consequências dos desvios de recursos que vinham sendo praticados’ por ele. Para isso, firmava os contratos de fachada como estratégia para justificar pagamentos de vantagens indevidas disfarçadas de serviços que, na verdade, não eram prestados ou eram superfaturados.

Segundo a Lava Jato, Frederick Wassef, Marcia Zampiron e Luiza Nagib Eluf entraram no esquema em 2016 por indicação de Marcelo Cazzo que, na época, era o responsável pelas contratações de serviços jurídicos pela Fecomércio/RJ. O escritório Eluf e Santos teria sido usado como intermediário de pagamentos a Wassef e sua sócia.

A quebra de sigilo bancário do grupo indicou que, entre dezembro de 2016 e junho de 2017, o escritório de Luiza Nagib Eluf transferiu R$2,6 milhões ao escritório de Wassef e R$751 mil diretamente a Marcia.

Em delação, Orlando Diniz contou que precisaram de um escritório interposto, uma vez que a então companheira de Frederick Wassef, Maria Cristina Boner Leo, tinha pendências judiciais, ‘o que poderia atrair holofotes indesejados para a contratação’.

Oficialmente, os contratos indicavam a prestação de assessoria jurídica na realização de sindicâncias administrativas para apurar vazamentos de informações do Sistema S. Mas, segundo a Lava Jato, o verdadeiro objeto dos serviços foi o monitoramento pessoal de Daniele Paraíso, funcionária do Senac e recém-separada de Orlando Diniz.

“(Daniele) havia recém se separado dele, pessoa a quem o colaborador imputava a pecha de persegui-lo, razão pela qual ele desejava responsabilizar por suspeitas de vazamentos”, sustenta a denúncia. “Por tabela, a deflagração dessas apurações internas também tinha o objetivo de garantir que os contratos milionários e que instrumentalizaram outros desvios não viessem à tona”, completa a Lava Jato do Rio.

Estadão Conteúdo
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