Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
23 de setembro de 2020 | 09:06

Lava Jato 75 mira propinas em contratos de navios lançadores de linha da Petrobrás

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A Polícia Federal deflagrou nesta manhã desta quarta, 23, a 75ª fase da Operação Lava Jato, denominada Boeman. para aprofundar investigações sobre supostos crimes corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo contratos firmados por empresas do Grupo Seadrill com a Petrobrás para o fornecimento de três navios lançadores de linha (PLSV) – embarcações que lançam linhas flexíveis no mar para fazer a conexão entre plataformas a sistemas de produção. Os contratos a construção e o posterior uso em regime de afretamento por oito anos, vigentes até os dias atuais, totalizaram US$ 2,7 bilhões indicou o Ministério Público Federal.

Cerca de 50 agentes cumprem 25 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Sergipe. As ordens foram expedidas pelo juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba, que ainda decretou o bloqueio de valores dos investigados.

Segundo a Polícia Federal, a operação tem como base a delação de lobistas que atuavam junto a funcionários da Petrobrás e agentes políticos com influência na estatal.

Os procuradores da força-tarefa da Lava Jato apontaram que foram encontrados indícios de que a Sapura no Brasil – empresa do Grupo Seadrill que fechou contratos com a Diretoria de Exploração e Produção da Petrobrás em 2011 – contratou intermediários e operadores financeiros que, mediante o pagamento de propina de 1,5% do valor dos contratos, eram responsáveis por viabilizar a inclusão da empresa em licitação da estatal e obter informações privilegiadas de dentro da petroleira.

De acordo com o Ministério Público Federal, os valores repassados aos operadores financeiros circularam por offshores, sendo que foram identificadas contas controladas pelos investigados em, pelo menos, seis países diferentes.

Além disso, a Procuradoria identificou que os operadores financeiros envolvidos, após receberem seus pagamentos em contas no exterior, transferiram parte dos valores a dois altos executivos da Sapura, um então vinculado à Sapura no Brasil e outro à Sapura Energy, sediada na Malásia.

Os investigadores suspeitam ainda que a atuação ilícita dos investigados tenha também outros contratos da Petrobrás, também em favor dos interesses do Grupo Seadrill.

Segundo a Polícia Federal, em paralelo às apurações, os investigadores receberam informações de que autoridades holandesas também conduziam investigações relacionadas a ‘ilicitudes perpetradas para o fornecimento dos navios lançadores de linha (PLSV)’. O MPF indicou que as medidas executadas nesta manhã também se dão em cumprimento a pedidos de cooperação jurídica internacional.

As investigações tiveram como base a análise de documentos apreendidos em fases anteriores, extratos bancários de contas sediadas no exterior e trocas de e-mails entre os investigados, informou ainda a Procuradoria.

A ofensiva, de acordo com a PF, busca ‘fazer cessar a atividade delitiva, aprofundar o rastreamento dos recursos de origem criminosa (propina) e a conclusão da investigação policial em todas as suas circunstâncias, inclusive com autorização para compartilhamento dos seus resultados com as autoridades da Holanda’.

A corporação indicou que a investigação foi batizada de Boeman em referência ‘à criatura mítica da Holanda popularmente conhecida como “bicho-papão”’.

Estadão
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