Foto: Dida Sampaio/Estadão
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF) 10 de setembro de 2020 | 17:45

Marco Aurélio manda recado a Bolsonaro: ‘Busque corrigir desigualdades sociais’

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O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), aproveitou nesta quinta-feira (10) a solenidade de posse do ministro Luiz Fux, que acaba de assumir o comando do tribunal, para mandar um recado ao presidente Jair Bolsonaro, que também acompanha a sessão presencialmente.

“Vossa Excelência foi eleito com mais de 57 milhões de votos, mas é presidente de todos os brasileiros”, disse Marco Aurélio, primeira autoridade a se pronunciar na cerimônia.

“Busque corrigir as desigualdades sociais, que tanto nos envergonham. Cuide especialmente dos menos afortunados, seja sempre feliz na cadeira de mandatário maior do País”, completou o ministro.

Entre as autoridades que prestigiam a solenidade estão os presidentes da República, Jair Bolsonaro, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), além de integrantes do STF.

“Constatamos tempos estranhos, de controvérsia política, crise econômico financeira e efeitos de pandemia sem precedentes. Valendo-me da palavra do prêmio Nobel da literatura, Albert Camus, em meio aos flagelos, às agruras da vida, se aprende que há mais nos homens e mulheres a admirar, do que a desprezar”, observou Marco Aurélio Mello.

“O horizonte é sombrio. Fora da Carta da República não há salvação, apenas arbítrio e autoritarismo”.

Em sua fala, Marco Aurélio destacou que o Supremo “não mais apenas interpreta a Carta da República, mas o faz por todos os juízes e tribunais do país, sendo exigido clareza, coerência e integridade na fixação de teses, premissas e fundamentos de forma a orientar a máquina judiciária”.

“O brasileiro aprendeu o caminho da cidadania e confiando no funcionamento das instituições habituou-se a bater às portas da Justiça sempre que diante de qualquer incerteza sobre direitos. Buscam-se juízes e não semideuses encastelados em torre de marfim. O Judiciário não pode se fechar em torno de si mesmo, omitindo-se, furtando-se de participar dos destinos da sociedade. O magistrado deve ser sensível ao cotidiano da comunidade em que vive, mas sem fazer concessão ao que não é certo, sem se preocupar em agradar”, acrescentou o ministro.

Estadão Conteúdo
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