Ex-vereador acusa presidente de usar Câmara na campanha, cobra providências dos vereadores e promete acionar MP

O radialista Alcindo da Anunciação, candidato a vereador em Salvador pelo PP, acusou ontem o presidente da Câmara Municipal (CMS), Geraldo Júnior (MDB), de utilizar a estrutura da Casa para disputar as eleições deste ano, o que, em sua avaliação, configuraria caso explícito de abuso de poder político e econômico.

Revoltado com a desigualdade que a situação produz entre os candidatos, Alcindo resolveu fazer um protesto em frente à Câmara Municipal de Salvador, com um carro de som, no qual prometeu acionar o Ministério Público Estadual para que investigue a origem dos recursos empregados pelo presidente na campanha.

“Estou aqui na porta da Câmara para fazer, inclusive, uma denúncia com referência à campanha do presidente da Câmara, Geraldo Júnior, usando a estrutura da Câmara para disputar as eleições. Quem está dizendo é Alcindo da Anunciação, que foi vereador desta Casa e não pode admitir que o presidente use a estrutura da Casa para lançar a sua candidatura a vereador. É preciso que o Tribunal Regional Eleitoral fique sabendo o que está acontecendo. Um presidente que tem usado a estrutura da Câmara para se reeleger”, declarou.

“Isso é para ele ouvir. É preciso que a população de Salvador fique sabendo que a Câmara está sendo usada para garantir a reeleição dele. Ele será denunciado ao Ministério Público Eleitoral. A menina que estava gravando passa [o vídeo] para ele me processar, que é para eu provar (a denúncia). Se eu voltar a esta Casa o meu primeiro pronunciamento vai ser por referência ao que aconteceu nessa eleição”, prometeu.

Lembrando da origem humilde do presidente da Câmara, que é filho de um ex-vereador, Super Geraldo, um ex-colega de Alcindo quando ele exerceu seu último mandato na Casa, Alcindo recomendou às pessoas que passavam pela rua que fossem visitar o comitê de Geraldo Jr. defronte ao Detran, denunciando que é um “monumento”.

“Vá perto do shopping [da Gente], em frente ao Detran, para ver inclusive o monumento que é o comitê de Geraldo Júnior. Geraldo Júnior tinha dinheiro para fazer um comitê daquele porte? Será que ele teria dinheiro?”, questionou Alcindo. O candidato do PP, em um determinado momento da sua fala, chegou a cobrar aos vereadores da cidade que tomem providências.

“Os vereadores não podem silenciar. Não é possível que os vereadores não estejam enxergando isso. A máquina, que é para servir a população, está servindo agora à campanha do presidente. Os vereadores estão calados. Os servidores não podem se posicionar porque todo mundo quer garantir o seu emprego e estão certos. Se Geraldo quiser me processar, me processe”, disse.

Antes de encerrar seu discurso, que foi assistido por transeuntes e funcionários da Câmara, o ex-vereador prometeu fazer um protesto semanal em frente à Casa até que os vereadores e o MP tomem providências contra o que classificou de abuso.

“Vou voltar aqui outros dias. Salvador precisa saber que a Câmara Municipal está sendo usada como instrumento para bancar a campanha de Geraldo Júnior. Nós não podemos admitir isso em hipótese alguma. A Câmara é a casa do povo, não é a casa de Geraldo Júnior”.

“Geraldo, eu já vi vários presidentes passarem por esta Casa e nenhum usou a máquina como vossa excelência está usando. Nenhum. Já fotografei o seu comitê. É superior ao comitê da candidata do governo e do candidato à Prefeitura. Muito superior. Quem deu esse recurso? De onde veio isso? Isso precisa ser apurado”, acrescentou o radialista.

Ontem, em conversa com jornalistas, Alcindo disse que depois de fazer o protesto, quando se encontra no prédio anexo da Câmara, onde fica o Centro Cultural da Casa, foi procurado pelo pai do presidente da Câmara solicitando uma conversa com ele. Em seguida, o próprio vereador teria mandado mensagens para o ex-vereador também solicitando uma conversa. “Não vou conversar em privado com nenhum deles. Quero providências”, disse.

Este Política Livre procurou o presidente da Câmara Municipal por meio da sua assessoria. No entanto, não obteve retorno até o momento desta publicação. O espaço segue aberto para quaisquer esclarecimentos.