Foto: Daniel Marenco/Folhapress
Petrobras 12 de março de 2021 | 12:29

Petrobras propõe aumento de 8,5% em teto para remuneração de executivos

economia

Alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a Petrobras propõe ampliar em 8,57% o valor reservado para remunerar seus administradores no período entre abril de 2021 e março de 2022. Ao todo, serão separados R$ 47 milhões.

O valor contempla salários, benefícios e bônus pelo desempenho. Segundo a empresa, o aumento na rubrica corresponde à provisão para o programa de remuneração variável de 2020, quando a companhia registrou lucro de R$ 7 bilhões, e de parcelas remanescentes de anos anteriores.

Em nota, a empresa ressaltou que a soma é calculada considerando o limite máximo de desembolso e que, em 2020, apenas 60% dos R$ 43,3 milhões reservados foram efetivamente pagos. “A previsão é que o valor total realizado seja inferior ao aprovado, como ocorreu em anos anteriores”, diz a estatal.

A política de remuneração da Petrobras precisa ser aprovada em assembleia de acionistas, que está marcada para 14 de abril. Como a União tem o controle sobre o capital votante, é do governo federal a última palavra.

Mesmo tendo aprovado a remuneração de 2020, Bolsonaro usou os altos salários como um dos argumentos para a substituição do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, pelo general Joaquim Silva e Luna, que comanda Itaipu Binacional.

“Alguém sabe quanto ganha o presidente da Petrobras? R$ 50 mil por semana? É mais do que isso por semana. Então, tem coisa que não está certa”, afirmou o presidente, três dias após anunciar a mudança, criticando também a adoção de home office pela empresa. “E para ficar em casa, trabalhando de casa. No meu entender, não justifica.”

Logo depois, apoiadores de Bolsonaro passaram a compartilhar mensagens de críticas aos salários e teorias da conspiração contra a gestão Castello Branco, em onda de ataques semelhante às deflagradas contra ex-aliados como os ex-ministros Sergio Moro e Luiz Henrique Mandetta.

A forma atabalhoada como a mudança foi anunciada e as críticas à gestão provocaram uma debandada inédita do conselho de administração da empresa, com cinco dos representantes do governo declinando do convite para recondução ao cargo.

A proposta de remuneração que a Petrobras levará à assembleia prevê o pagamento de R$ 14,1 milhões em salários aos nove diretores da empresa, uma média de R$ 120 mil por mês, incluindo o 13º salário. O valor total é 2,9% superior ao verificado em 2020.

A estatal afirma, porém, que não há reajuste na remuneração fixa dos administradores da companhia, “permanecendo os mesmos valores já praticados desde abril de 2016”.

Para a remuneração variável, a proposta é reservar R$ 16,2 milhões, média de R$ 1,8 milhão por executivo. em 2020, foram pagos R$ 5,3 milhões, mas 40% do bônus sobre o lucro recorde de 2019 foi dividido pelos quatro anos seguintes – isto é, parte daquele bônus está incluída também na reserva de 2021.

Para o conselho de administração, a Petrobras propõe reservar R$ 2,9 milhões, ou cerca de R$ 260 mil para cada um dos 11 conselheiros. O colegiado será renovado em assembleia extraordinária no dia 12 de abril, convocada para sacramentar a troca no comando da empresa.

Do quadro atual, permanecem dois indicados pela União -o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira e o oficial da reserva Ruy Flaks Schneider, além da representante dos trabalhadores, Rosângela Buzanelli. Ampliando a presença militar no colegiado, Luna e Silva substituirá Castello Branco.

Esta semana, o governo anunciou outros cinco nomes para as cadeiras a que tem direito. Em geral, são executivos com experiência no mercado de petróleo e gás ou especialistas no mercado financeiro. Os acionistas minoritários elegerão outros dois nomes.

A política de remuneração da Petrobras foi alterada em 2019, com a criação de um programa que privilegia a bonificação de executivos com cargo de chefia, ao contrário do modelo anterior, que distribuía os lucros de forma mais igualitária entre os empregados.

No novo modelo, o presidente da companhia pode receber até 13 salários adicionais em caso de cumprimento de todas as metas.

Em comunicado distribuído nesta sexta (12), a Petrobras defende que a remuneração de seu presidente corresponde a 25% da remuneração total anual de empresas brasileiras de porte equivalente. Já para os diretores, diz, o valor equivale a 72% do pago por outras companhias.

A estatal diz ainda que, “como em qualquer empresa no mercado, o bônus de performance é uma remuneração variável sem garantia de recebimento”. “Ou seja, seu pagamento depende do atingimento do critério de gatilho estabelecido para o ano (por exemplo, lucro líquido mínimo) e das metas de cada administrador.”

Folhapress
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