Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Wilson Witzel 16 de junho de 2021 | 11:41

Em fala de abertura na CPI, Witzel diz que governo federal criou narrativa para deixar Estados em fragilidade

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Após a votação de requerimentos, o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel começou seu depoimento à CPI da Covid pouco antes das 11 horas. Ele centrou sua fala inicial em críticas ao presidente Jair Bolsonaro: segundo ele, a situação da pandemia no Brasil seria melhor se tivesse ocorrido um “diálogo” entre os governos estaduais e federal.

Witzel disse que “suplicou” à Presidência da República para encontrar soluções no controle da covid-19. “Se o Brasil tivesse, através do governo federal, não sido negacionista, e desse determinação ao Itamaraty para que negociasse com o governo chinês, alemão e dos Estados Unidos para trazer insumos, respiradores e agora as vacinas, nós não teríamos ficado à mercê dos preços dos mercados internacionais”.

O ex-governador também usou o seu tempo inicial para se defender das acusações que levaram ao seu impeachment, votado com unanimidade em abril.

Witzel seguiu sobre a narrativa do governo federal: “O governo federal, para poder se livrar das consequências do que viria com a pandemia, criou uma narrativa estrategicamente pensada: de que os governadores destruiriam os empregos. Ele sabia que o isolamento social traria consequências. Como tem um país onde o presidente da república não dialoga com governador do estado? O único responsável pelos 450 mil mortes tem nome e endereço”.

Witzel perdeu o cargo no final de abril após o Tribunal Especial Misto aprovar por unanimidade o impeachment do governador do Rio de Janeiro; ele foi considerado culpado por crime de responsabilidade na gestão de contratos de Saúde durante a pandemia de covid-19, e estava afastado do cargo desde agosto de 2020. O ex-juiz federal também está inelegível por cinco anos.

O ex-governador do Rio surgiu na política carioca como um “outsider” nas eleições de 2018, e foi aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na campanha, ganhou apoio próximo de um dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). O presidente, e as redes bolsonaristas, tiveram papel fundamental na eleição do ex-juiz.

Isadora Rupp/Estadão Conteúdo
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