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Ex-deputado João Roma, que ficou em terceiro lugar na corrida pelo governo baiano em 2022 01 de junho de 2023 | 07:18

Eleitorado conservador, o trunfo instável de Roma para 2024, por Raul Monteiro*

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Com pré-candidaturas já anunciadas para 2024 em alguns dos principais municípios baianos, o PL tem dedicado uma atenção especial às discussões internas sobre Salvador, onde seu presidente estadual, João Roma, ex-deputado federal, vem sinalizando que tanto pode assumir a disputa à sucessão municipal como anunciar apoio ao atual prefeito Bruno Reis (União Brasil), que concorrerá à reeleição. Hoje, a expectativa predominante na legenda é a de que o PL se renda a uma aliança com Bruno, ainda que os dois não tenham conseguido fechar nenhum tipo de acordo até agora.

Os movimentos registrados até o momento sinalizam que ao partido interessaria acelerar o entendimento, de olho em espaços na máquina municipal, uma posição que não encontra correspondência no jogo que o prefeito faz. O timing para o avanço estaria, portanto, neste momento, sendo controlado por Bruno, que parece vir postergando a renovação de algumas alianças com vistas à sucessão exatamente para o ano que vem, baseado no argumento de que, se antecipar os acordos, pode acabar fortalecendo hoje aliados que poderão se tornar seus adversários em 2024, caso em que colaboradores do prefeito vêem enquadrar-se Roma.

Para uma parte dos correligionários do ex-deputado federal, ele é hoje no PL o nome mais forte para uma eventual disputa majoritária no ano que vem. Até lá, deve registrar um bom recall da sucessão estadual do ano passado, quando ficou em terceiro lugar na corrida ao governo baiano, apesar de ter tido um tempo diminuto na propaganda eleitoral, além de uma irrisória fatia do fundo partidário nacionalmente destinado à legenda. Teria uma condição ligeiramente diferenciada e mais favorável do ponto de vista de estrutura para concorrer, o que pode ajudá-lo.

Agora, contaria, por exemplo, com 20% do tempo eleitoral e 20% dos recursos do fundão, suficientes para, segundo os amigos, se apresentar melhor ao eleitorado do que quando disputou a sucessão estadual. Mas o maior trunfo de Roma é poder passar a representar o eleitorado conservador – ou bolsonarista – na campanha em Salvador, da mesma forma que fez em 2022, quando atuou, basicamente, para enfraquecer o ex-aliado ACM Neto (União Brasil), que acabou perdendo a disputa para o petista Jerônimo Rodrigues. De fato, não há garantias de que, ainda mais numa campanha municipal, ele possa repetir o feito.

Mas seguramente Bruno não gostará de pagar o preço para ver o que acontece. O problema é que a estratégia pode não trazer apenas vantagens para o presidente do PL. Na hipótese de se lançar candidato para uma disputa com o objetivo de repetir o mesmo papel que cumpriu na campanha passada, Roma corre o considerável risco de eliminar o pequeno capital político que acumulou até aqui, bem como o de dinamitar uma ponte que poderia construir a partir do ano que vem com o prefeito de Salvador, prejudicando imensamente, talvez de maneira irremediável, seus planos políticos futuros.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

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