Foto: Oren Ziv/Enciclopédia Interativa da Questão Palestina
A líder palestina, Khalida Jarrar 26 de dezembro de 2023 | 18:06

Israel prende líder palestina na Cisjordânia, e Gaza está novamente sob apagão

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Uma proeminente líder palestina, Khalida Jarrar, foi presa pelo Exército de Israel na manhã desta terça-feira (26) na Cisjordânia sob acusação de terrorismo. A informação foi compartilhada por seu marido, Ghassan, e posteriormente confirmada por Tel Aviv.

Jarrar é conhecida por seu ativismo pelo direito das mulheres e pelo fim da detenção em massa de palestinos. Ela é um importante membro da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), um dos maiores grupos políticos palestinos e opositores do Fatah, grupo que controla a Autoridade Nacional Palestina (ANP).

Em 2019, ela também foi detida. O Exército israelense à época argumentou que informações secretas mostraram sua ligação com um ataque que deixou uma israelense de 17 anos morta e estaria ligado à FPLP. O grupo é considerado uma organização terrorista pela União Europeia e também pelos Estados Unidos.

A ativista chegou a ser eleita parlamentar para o Conselho Legislativo Palestino em 2006, junto a outras duas figuras de seu grupo —à época, o Hamas, responsável por desencadear a guerra com Israel no último 7 de outubro, foi o grupo palestino que levou o maior número de vagas. Na prática, o “Parlamento palestino” está em uma atrofia operacional e não funciona mais.

Enquanto isso, a Faixa de Gaza, palco da guerra Israel-Hamas, voltou a estar sob um apagão, afirmou a companhia palestina de comunicações, a PalTel. “Lamentamos anunciar uma interrupção total dos serviços de telefone fixo e internet devido à agressão contínua”, escreveu a empresa em sua página oficial no Facebbok. “Nossas equipes trabalham para restaurá-los, apesar das condições perigosas em campo.”

Gaza esteve sob um apagão de conectividade ao menos duas outras vezes no atual conflito. A primeira durante o início da invasão terrestre de Israel, ainda na porção norte do território palestino ocupado.

A segunda vez, esta mais recente, ocorreu no início de dezembro, quando Israel expandiu sua ação terrestre também para o sul da faixa de terra adjacente a seu território.

É nesta porção da faixa, perto da fronteira com o Egito, onde hoje se aglomeram as dezenas de milhares de deslocados do conflito armado. Sem saneamento e acesso a água potável e com quantidade escassa de comida, mais de 1,7 milhão de palestinos estão registrados em abrigos, a maioria da ONU, no sul de Gaza, quando alguns milhares deles morando nas ruas devido à superlotação dos espaços.

A quilômetros de distância dali, em Nova Déli, a capital indiana, uma explosão foi registrada nesta terça-feira em uma área próxima à da embaixada de Israel na cidade. O caso está sob investigação conjunta de autoridades de segurança indianas e israelenses, e nenhum membro do serviço diplomático ficou ferido.

Ainda que não se saiba quem é o responsável pela ação, o caso lembra ao menos outros dois semelhantes que tiveram participação do Irã, regime xiita que é inimigo de Tel Aviv e cuja Guarda Revolucionária, criada após a Revolução Islâmica de 1979, atua em outros países, numa espécie de política externa armada que muitas vezes tem como alvo Israel.

Há dois anos, uma explosão em frente à embaixada israelense em Nova Déli danificou carros, mas também não deixou vítimas. O Estado indiano atribuiu o ataque às Força Quds, o principal braço da Guarda Revolucionária iraniana. Antes, em fevereiro de 2012, a esposa de um diplomata israelense ficou ferida em um ataque com carro-bomba em Nova Déli. Igualmente, Nova Déli atribuiu o ataque a Teerã.

É, em partes, o que o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu nesta terça-feira como uma “guerra de muitas frentes”, fala que relembra o receio internacional de que o conflito hoje travado em Gaza se desdobre para um conflito regional no Oriente Médio.

“Estamos numa guerra de sete frentes. Somos atacados por diferentes setores —Gaza, Líbano, Síria, Judeia e Samaria [maneira bíblica para se referir à atual Cisjordânia], Iraque, Iêmen e Irã”, afirmou ele.

“E já respondemos e agimos em seis delas”, seguiu, numa aparente mensagem ao Irã. “Quem age contra nós é um alvo potencial, não há imunidade para ninguém.”

Folhapress
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