17 de janeiro de 2024 | 12:20

Radar do Poder: A marcha lenta de Jerônimo, o Geraldinho da PM, a companheira chic do Bonfim e a combinação de Bruno e Roma

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Marcha lenta

Lideranças do interior e deputados aliados ao Palácio de Ondina criticam a Secretaria de Relações Institucionais pela marcha lenta na realização de audiências com o governador Jerônimo Rodrigues (PT). Em setembro de 2023, após cobranças dos correligionários, o petista prometeu receber os parlamentares da base acompanhados de seus respectivos prefeitos e potenciais candidatos em 2024. Contabilizando os deputados estaduais, atendeu a apenas nove, de um total de 42 da bancada governista. As viagens de Jerônimo ao interior não satisfazem porque não há audiências reservadas.

Déficit eleitoral

O ritmo lento preocupa principalmente os prefeitos, que almejam obras do governo do Estado para impulsionar as próprias candidaturas à reeleição ou a dos sucessores. A avaliação é que, apesar de toda a simpatia de Jerônimo, que tem sido poupado das críticas pelo trato pessoal, faltou ação do Executivo estadual para contratar ou iniciar intervenções que poderiam ser entregues em 2024.

Geraldinho da PM

O vice-governador Geraldo Júnior (MDB) fez uma série de publicações nas redes sociais homenageando os três anos no cargo dos comandantes da PM, dos Bombeiros e da Polícia Civil no Estado. “Rolando Lero”, apelido do emedebista, tem certeza de que pode ser o candidato a prefeito de Salvador das forças de segurança, até porque nomeou quase 40 policiais para acompanhá-lo, tirando-os das ruas.

Grau de envolvimento

Geraldo Júnior recebeu dos caciques petistas a garantia de que o presidente Lula fará um gesto de apoio à pré-candidatura do emedebista durante agenda em Salvador, nesta quinta (18). Na base aliada, existem dúvidas sobre a o grau de envolvimento do primeiro mandatário da Nação na campanha, pois o União Brasil, partido do prefeito Bruno Reis, é aliado do Planalto (embora nem sempre fiel) no Congresso.

Primeiros ataques

Cartazes afixados em vários trechos do longo do cortejo do Bonfim, na semana passada, deixaram claro que a campanha à Prefeitura de Salvador não será para amadores. Um deles, colocado à farta no caminho em direção à colina, retratava o vice-governador como um bebê no colo do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB), com a seguinte inscrição: “Geraldo Júnior, traidor marionete de condenado”. Governistas garantem que vai haver troco.

Contra-ofensiva

Aliás, Geddel já avisou que não vai deixar esse tipo de ataque barato. O ex-ministro promete contra-atacar utilizando como argumento, inclusive, as constantes visitas de Bruno Reis e do ex-prefeito ACM Neto (União) à residência dele em busca de manter o MDB entre os aliados na disputa eleitoral de 2022. Até o pleito do ano passado, os emedebistas pertenciam ao grupo liderado por Neto.

Chiquérrima

Quem desfilou ‘très chic’ na Lavagem do Bonfim foi a companheira de cortejo do deputado estadual Rosemberg Pinto (PT), líder do governo na Assembleia. Muito simpática, ela exibia com naturalidade uma bolsa Gucci de cerca de R$ 20 mil no circuito onde predomina o trânsito de gente muito simples cujo ânimo principal é mesmo a fé nos poderes milagrosos do Santo. Também petistas contaram pelo menos dois seguranças de cada lado do animado casal.

Comunista contraditória

Durante a festa do Bonfim, a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) disse em entrevistas que “já se sabia desde sempre da pactuação do governo” em favor da candidatura de Geraldo Júnior em Salvador. Entretanto, quando o Política Livre foi o primeiro veículo de comunicação a revelar a escolha do emedebista pelos caciques petistas, ainda em setembro de 2023, a parlamentar “rodou a baiana” e classificou a notícia como ficção. É por isso que não se confia em político.

Jogo combinado

Durante a Lavagem do Bonfim, o ex-ministro João Roma anunciou que o PL, que ele comanda na Bahia, só vai anunciar o apoio a Bruno Reis depois da visita do ex-presidente Jair Bolsonaro, líder nacional da sigla, à Bahia, em março. A mudança de estratégia teria sido um pedido do próprio prefeito a Roma, para não ser obrigado a receber ou tirar fotos com Bolsonaro em Salvador. Antes, estava certo que o PL anunciaria o apoio a Bruno ainda neste mês de janeiro.

Rixa antiga

O deputado federal Elmar Nascimento (União) tem simpatia pela candidatura do ex-deputado Marcelo Nilo (Republicanos) ao TCM. Tanto que o único liderado dele na Assembleia que não assinou a lista em favor do concorrente a conselheiro foi Marcinho Oliveira (União), adversário político do ex-parlamentar em Monte Santo. Elmar, no entanto, sabe que se declarar apoio a Nilo perde de imediato um voto na disputa pela presidência da Câmara: do deputado federal e inimigo pessoal do político do Republicanos Félix Mendonça Jr. (PDT).

Beliscada

Favorito ao TCM, o deputado estadual Paulo Rangel (PT) acredita que pode beliscar uns votos na bancada de oposição. Ele aposta nas relações antigas com alguns dos parlamentares mais experientes do bloco – ele é muito próximo, por exemplo, do deputado Sandro Régis (União). Para a oposição, no entanto, o petista deveria procurar assegurar arrematar o apoio dos parlamentares dos partidos que lhe prometeram respaldo. No PSD, uma dessas siglas, o deputado Eures Ribeiro não assinou a lista em favor de Rangel.

Reunião de condomínio

Na semana passada, a coluna revelou que Paulo Rangel e o deputado Fabrício Falcão (PCdoB), outro postulante ao TCM, residem no mesmo edifício em Salvador, o Carpe Diem, no Alphaville I (Patamares). Mas quem também mora por lá é o deputado estadual Vitor Azevedo (PL), um dos primeiros incentivadores da candidatura do petista ao tribunal. Neste período de recesso da Assembleia, os dois costumam conversar com frequência sobre os rumos da disputa como uma reunião a dois de condomínio.

Apelo de “Nonô”

Quem tem feito apelos ao governo em favor da candidatura de Fabrício Falcão ao TCM é o deputado federal Waldenor Pereira (PT), pré-candidato a prefeito de Vitória da Conquista, reduto eleitoral dos dois parlamentares. Embora elogie Paulo Rangel, “Nonô” acredita que o pleito do comunista é antigo e justo. Jerônimo ainda não se manifestou sobre qual dos dois candidatos da base irá apoiar.

Pé fora do muro

O apoio integral do PT ao grupo liderado, em Euclides da Cunha, pelo prefeito Luciano Pinheiro (PDT) pode tirar ao menos um dos pés de Jerônimo Rodrigues de cima do muro na eleição no município. O chefe do Executivo estadual vinha prometendo neutralidade na disputa, afinal o líder da oposição na cidade, o ex-deputado federal José Nunes (PSD), também é da base. Mas a pressão dos petistas, que devem indicar a vice do candidato à sucessão escolhido por Pinheiro, pode ter efeito no coração do governador.

Alternativa grapiúna

Chefe do Executivo municipal em Itapetinga, Rodrigo Hagge (MDB) convidou o ex-prefeito de Itabuna Capitão Azevedo, hoje no PDT, a ingressar nas fileiras emedebistas. O movimento foi interpretado como uma espécie de “plano b” caso a pré-candidatura do ex-deputado Geraldo Simões (PT) seja afundada pelos petistas, como é a tendência. Nesse caso, o MDB, que não almeja apoiar a reeleição do prefeito Augusto Castro, teria como alternativa lançar candidatura própria na terra grapiúna.

Pitacos

* Presidente da Assembleia, Adolfo Menezes (PSD) foi a São Paulo antes da Lavagem do Bonfim para fazer uma série de exames rotineiros. Retornou confiante de que está em boas condições de saúde para tentar uma nova reeleição ao comando da Casa.

* O secretário estadual de Agricultura, Tum, se tornou, dentro do Avante, o maior defensor do deputado federal Pastor Isidório, que é do mesmo partido, como vice de Geraldo Júnior em Salvador, exatamente agora, quando ninguém mais acredita que a indicação se concretize.

* O vereador Sílvio Humberto (PSB), que tentou ser candidato da base de Jerônimo à Prefeitura de Salvador, será o líder da oposição na Câmara Municipal este ano. Promete dar trabalho a Bruno Reis neste ano eleitoral. Ele substitui Laina Crisóstomo (Psol).

* O senador Jaques Wagner (PT) segue artificializando a candidatura da vereadora Lúcia Rocha (MDB) em Conquista, magoando os irmãos Vieira Lima. Nas entrevistas, ele diz que o candidato natural da base é o deputado federal Waldenor Pereira (PT).

* Waldenor, por sinal, já recebeu apoios dos partidos PSD, PSB e Podemos, além do PCdoB e do PV, que integram a federação com o PT.

* Os auxiliares do governador Jerônimo Rodrigues (PT) passam a lupa nos mais de 20 projetos de lei de autoria dos deputados estaduais aprovados antes do recesso da Assembleia, em dezembro de 2023. Os parlamentares não acreditam em vetos.

* O deputado Marquinho Viana (PV) quer, no entanto, que Jerônimo vete ao menos o projeto do colega Pedro Tavares (União) que oficializa Morro do Chapéu como a “Capital do Vinho da Chapada”. O “verde” diz que o justo seria dar o título a Mucugê.

* Em Juazeiro, a incógnita entre os partidos da base de Jerônimo é se o pré-candidato do PT, o ex-prefeito Isaac Carvalho, está ou não inelegível. O assunto já virou até uma espécie de tabu no PV e no PCdoB, que pleiteiam a cabeça de chapa.

* A prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho (PT), anunciou que fará no sábado (20) um seminário com os pré-candidatos da base à sucessão municipal. A petista diz que são 13 os pretendentes a sucedê-la.

* O Avante do ex-deputado federal Ronaldo Carletto confirmou que vai apoiar a reeleição do prefeito de Itabuna, Augusto Castro (PSD).

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