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George Santos foi expulso da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos 14 de fevereiro de 2024 | 11:19

Democratas conquistam vaga de George Santos no Congresso dos EUA

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Eleitores de Nova York escolheram nesta terça-feira (13) um democrata para substituir o ex-congressista republicano George Santos, filho de brasileiros que se tornou em dezembro o primeiro deputado expulso da Câmara dos Estados Unidos em 20 anos.

Tom Suozzi venceu a disputa contra a republicana Mazi Pilip. O democrata, um político veterano de 61 anos que já havia sido deputado, deve cumprir os 11 meses restantes do mandato de Santos.

O ex-congressista filho de brasileiros foi destituído em dezembro após várias denúncias de irregularidades, mentiras, fraudes e crimes financeiros. Ele se tornou o primeiro republicano expulso da Câmara em toda a história e o primeiro político a perder o mandato sem ter sido condenado antes na Justiça.

Antes de Santos, outros cinco congressistas haviam sido expulsos: três no século 19 por terem apoiado os confederados —que defendiam a manutenção da escravidão nos EUA— durante a Guerra da Secessão, e dois desde os anos 1980 por corrupção.

Santos, 35, chamou a atenção após vencer em 2022 uma disputa acirrada no terceiro distrito de Nova York, que abrange Long Island e Queens. Ele foi o primeiro republicano abertamente gay a vencer uma eleição sem ser o incumbente.

O republicano, porém, logo se tornou motivo de piada nos EUA após uma série de reportagens e investigações criminais e por um Comitê de Ética do Congresso encontrarem evidências de que ele cometeu fraudes, lavagem de dinheiro e desviou recursos de campanha para despesas com itens de luxo, botox e até o site de conteúdo erótico OnlyFans. O republicado nega ter cometido qualquer irregularidade.

A vitória de Suozzi diminui a maioria já estreita do Partido Republicano na Câmara —o partido passa a ter 219 deputados, contra 213 democratas. A legenda, portanto, pode ter mais dificuldades para aprovar projetos, considerando que o espaço para dissidências é menor.

Os desafios da sigla ficaram evidentes na semana passada, quando a Câmara não conseguiu aprovar o impeachment da principal autoridade de fronteira do presidente Joe Biden, Alejandro Mayorkas, em um revés considerado embaraçoso aos republicanos —após rodadas de negociações, os deputados aprovaram o impeachment em uma segunda tentativa, nesta terça, com diferença de apenas um voto.

O prefeito da cidade, o democrata Eric Adams, afirmou que a vitória de Suozzi é “uma boa notícia” para Nova York. O agora deputado já disputou, sem sucesso, o cargo de governador do estado americano. Já Mazi Pilip, a candidata derrotada, é uma política nascida na Etiópia que serviu no Exército de Israel.

Os dois partidos travaram uma campanha agressiva: os republicanos tentaram mostrar Suozzi como alguém brando com a imigração ilegal, e os democratas atacaram as posições contrárias ao aborto de Pilip.

A imigração e o aborto são temas considerados centrais na política americana num momento em que o país se prepara para as eleições presidenciais de novembro, que provavelmente serão uma reedição da disputa de 2020 entre o presidente Joe Biden e Donald Trump.

Após a vitória, Suozzi prometeu trabalhar com os republicanos para resolver problemas difíceis, incluindo a crise imigratória na fronteira sul dos EUA. “O povo do Queens e de Long Island está farto de disputas políticas”, disse ele. “Eles querem que nos unamos e resolvamos problemas.”

A votação desta terça ocorreu em meio a uma nevasca que atinge Nova York. A tempestade, a mais intensa em dois anos, forçou o fechamento de várias escolas e provocou atrasos de voos.

Santos, por sua vez, engatou em uma carreira típica de subcelebridade após ser expulso da Câmara. Além de ganhar milhares de seguidores na plataforma X, ele abriu uma conta no Cameo, plataforma em que, em geral, pessoas medianamente famosas vendem vídeos por encomenda.

Folhapress
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