13 dezembro 2024
Depois de vencer uma guerra contra o PT na Justiça Eleitoral, ao menos até aqui, a vereadora Débora Régis (PDT) ainda tenta convencer os demais aliados da oposição de que é o melhor nome para enfrentar o grupo liderado pela prefeita Moema Gramacho (PT) nas eleições majoritárias de outubro na cidade. Nesta entrevista exclusiva ao Política Livre, ela defende que um dos critérios da definição deve ser a realização de pesquisas.
Entre os principais concorrentes de Débora ao posto estão o empresário Teobaldo Costa (União), o ex-vereador Matheus Reis (PSDB) e o vereador Tenóbio (PL). A pedetista acredita que haverá consenso em torno da definição de um único postulante. Ela destaca ainda a importância, nesse processo, do deputado federal João Leão (PP) e do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União).
Débora diz ainda que pretende ser candidata a prefeita pelo PDT e não economiza nas críticas a Moema, de quem um dia já foi aliada e a quem hoje acusa de tentar intimidar os adversários políticos, inclusive usando a Justiça. Confira abaixo a íntegra da entrevista.
A senhora foi alvo de uma ação eleitoral movida pelo PSB por conta de supostas irregularidades nas contas da campanha para vereadora em 2020. Depois de ficar pouco tempo sem o mandato por conta disso, após decisão polêmica do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), retomou à Câmara por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Hoje, estaria apta a concorrer à Prefeitura de Lauro de Freitas?
Totalmente apta. A ação segue no TSE, onde já tive decisões favoráveis. Já ficou provado que essa ação movida pelo PSB a mando da prefeita Moema Gramacho (PT) não tem qualquer fundamento, não se sustenta e é baseada em denúncias feitas por testemunhas compradas. É uma bizarrice jurídica. Todo mundo sabe que eu fui alvo de uma cilada política para que meu nome não estivesse na disputa eleitoral de 2024. Graças a Deus que a Justiça foi feita e, para mim, esse assunto, que está sendo cuidado pelos meus advogados, já ficou no passado. Como dizia Zagallo, que infelizmente nos deixou, Moema e seus difamadores terão que me engolir (risos).
Atualmente, a senhora é uma ferrenha opositora da prefeita de Lauro de Freitas. Mas até a eleição de 2020 vocês eram aliadas. O que a afastou da petista?
Costumo responder isso dizendo que quem ama Lauro de Freitas, e sou nascida e criada em Itinga, jamais pode continuar compactuando com o desgoverno que Moema vem fazendo. Quando eu percebi o que estava acontecendo, eu pulei fora da gestão abrindo mão de tudo. Entreguei todos os cargos que tinha e rompi em nome da reconstrução da cidade. Isso aconteceu praticamente ainda na eleição de 2020, da qual tive a felicidade de ser eleita como a vereadora mais bem votada da história de Lauro de Freitas. A própria prefeita costuma usar isso contra mim, dizendo que eu era aliada dela e agora a critico, como uma forma de tentar se fazer de vítima. Mas a vítima da gestão dela é a população do município que ela castiga diariamente.
Será possível unificar a oposição em Lauro de Freitas em torno do nome da senhora no pleito de 2024?
Há um entendimento hoje na oposição em Lauro de Freitas de que é preciso que haja uma única candidatura para enfrentar e derrotar o projeto do PT, que tem sido maléfico ao município. Estamos trabalhando nesse sentido junto com os demais pré-candidatos, a exemplo do empresário Teobaldo Costa (União), de Matheus Reis (PSDB) e do meu colega vereador Tenóbio (PL). Temos dialogado bem com outras lideranças políticas da cidade, a exemplo do deputado federal João Leão (PP). A divisão da oposição em Lauro de Freitas só interessa à Moema, que ainda não foi capaz sequer de anunciar o próprio sucessor, diante da tragédia que é a gestão dela. Portanto, acredito sim que podemos viabilizar essa união e, claro, torço para que seja em torno do meu nome. Estamos caminhando muito bem nas ruas, temos um mandato sério, de fiscalização da Prefeitura e de serviço ao povo mais necessitado. E estamos indo muito bem nas pesquisas. Sempre defendi que a escolha aconteça com base em critérios objetivos para apontar aquele nome que é o mais competitivo. Com muita humildade, estou confiante de que possa encabeçar a chapa.
O ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União) vai participar desse processo de definição do candidato?
Tenho conversado muito com Neto e ele quer o melhor para Lauro de Freitas. Então, ele participa sim desse processo de construção. E o melhor para Lauro de Freitas é tirar o grupo de Moema do poder, apresentando um projeto alternativo de recuperação e reconstrução da cidade. Algo como o próprio Neto fez em Salvador, quando assumiu o primeiro mandato. Como o atual prefeito Antonio Elinaldo (União), que também é um parceiro nosso, fez em Camaçari também quando chegou e encontrou os rastros de destruição deixados pelo PT. São dois líderes que servem de exemplo para mim, para o projeto de transformação que Lauro precisa. Assim como tenho ouvido muito também o prefeito Bruno Reis (União), acompanhado o trabalho dele e colhendo exemplos de projetos e ações que podem ser realizados em Lauro de Freitas, onde o recurso público é extremamente mal aplicado.
Teobaldo Costa, empresário bem-sucedido do partido de ACM Neto e que foi candidato a prefeito derrotado por Moema em 2020, abriria mão para apoiá-la? Seria o seu vice?
Olhe, ainda está cedo para tratarmos dessa questão de chapa. Estamos buscando primeiro a unidade para definir o candidato da oposição. E temos dialogado com Teobaldo, um empresário e político importante de Lauro de Freitas e do nosso Estado. Tenho certeza que o nosso pensamento é o mesmo: resgatar Lauro de Freitas. Como disse antes, defendo que o nome seja aquele que for mais competitivo para vencer, que tenha um projeto consistente para Lauro de Freitas. Eu estou preparada. Todos os dias estou nas ruas, nas comunidades, conversando com as pessoas, ouvindo os problemas, discutindo soluções. O povo de Lauro de Freitas me conhece bem e sabe da minha capacidade, assim como os nossos aliados.
Sendo candidata, a senhora vai disputar a eleição pelo PDT?
O meu desejo é esse, seguir no PDT, partido que vai chegar forte nas eleições também para a chapa de vereadores em Lauro de Freitas. Tenho uma identidade com esse partido, um bom trânsito com o presidente na Bahia, o deputado federal Félix Mendonça Júnior, com o ex-deputado federal José Carlos Araújo, que faz parte da Executiva estadual. Então tudo caminha para isso.
A senhora anunciou recentemente o apoio do DC, partido comandado na Bahia por Igor Dominguez, secretário particular de Bruno Reis. Que outros partidos devem apoiá-la?
Fiquei muito feliz com o apoio do DC, em um entendimento com Igor e com a ajuda do próprio Bruno. Estamos conversando com os partidos ainda, a exemplo do PP, que tem uma história importante em Lauro de Freitas. Isso vai avançar mais adiante, porque existem outros pré-candidatos na oposição. Temos que aguardar quando tivermos um cenário mais claro de quem será o candidato ou, espero, a candidata. E não farei como Moema, que tem partidos de aluguel em Lauro de Freitas, basta ver o jogo sujo que o PSB municipal fez comigo na Justiça, tentando me tirar da eleição no “tapetão” a mando da prefeita. Respeito meus aliados e tenho palavra, pois quem me conhece sabe do meu comportamento e das minhas atitudes.
O PRD, outro partido sob a influência de Bruno Reis na Bahia, por meio do assessor da Prefeitura da capital Francisco Elde, ficará com Moema em Lauro de Freitas, correto?
Soube que há um entendimento no plano nacional para que o partido lá fique com um aliado de Moema (Alexandre Marques, vereador licenciado e atual secretário municipal de Meio Ambiente, que foi presidente do extinto Patriota e hoje PRD). Por conta disso, acho que não avança uma aproximação com o PRD. Mas estamos construindo outras alianças que em breve serão anunciadas.
Por que, na opinião da senhora, Moema ainda não escolheu oficialmente o candidato à sucessão?
Talvez ela até já tenha definido e esteja aguardando sair o nome da oposição, não sei. O fato é que a prefeita esta desesperada. Tentou me tirar da disputa no “tapetão” e não conseguiu. Depois, diante de um cenário desfavorável, partiu para uma política mais violenta contra os opositores, usando os aliados que têm nas comunidades e na própria Câmara Municipal, que virou palco de agressões, inclusive na reabertura dos trabalhos, quando até na delegacia fui para prestar queixa por ter sido agredida. Infelizmente, a estratégia da tentativa de intimidação deve ser intensificada. Mas o que podemos esperar de uma prefeita que não respeita nem os cabelos brancos de um aliado ao qual se diz fiel e torce para que ele saia politicamente de cena para ser candidata ao Senado em 2026?
A senhora tem sido uma crítica dura da gestão de Moema, fazendo uma série de denúncias, a exemplo dos tablets e dos aparelhos de ar-condicionado comprados pela Prefeitura para as escolas e que não teriam sido entregues. Não teme ser rotulada como alguém que só faz criticar a gestão?
Acho que as pessoas entendem que o papel da vereadora também é o de fiscalizar. Temos que denunciar o que está errado porque só assim podemos cobrar o certo e garantir a punição dos malfeitores. Eu sou implacável nisso mesmo porque tenho zelo pela aplicação dos recursos públicos. E minhas denúncias todas têm fundamento, tanto que acabam no Ministério Público, no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), na Justiça, sendo investigadas, apuradas ou julgadas. Como vereadora, não tenho a caneta para executar, para sancionar leis importantes e relevantes, para tomar as decisões em favor da população, coisa que Moema, mesmo tendo a caneta, não o faz. Mas isso vai mudar. Temos projetos para Lauro de Freitas, representamos uma alternativa porque queremos fazer o bem, trabalhar pelo povo, e não para sustentar um grupo partidário.
Política Livre