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O presidente da Argentina, Javier Milei 27 de março de 2024 | 17:45

Milei anuncia demissão de 70 mil servidores, mas porta-voz fala em 15 mil dispensas

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Minutos depois de o presidente da Argentina, Javier Milei, anunciar que pretendia demitir 70 mil funcionários públicos nos próximos meses, seu porta-voz, Manuel Adorni, afirmou que, “por enquanto”, serão dispensados no final deste mês 15 mil servidores.

Adorni disse que o número anunciado pelo presidente está em estudo, num sinal claro de que o governo argentino está disposto a medidas agressivas para desinchar a máquina pública do país vizinho.

Em um evento de negócios na terça-feira à noite, Milei ressaltou que congelou obras públicas, cortou alguns financiamentos a províncias e encerrou mais de 200 mil planos de seguridade social, que ele classificou como corruptos. Tudo faz parte de sua estratégia para alcançar um equilíbrio fiscal a qualquer custo este ano.

“Há muito mais motosserra,” disse Milei em discurso de uma hora no IEFA Latam Forum, em Buenos Aires.

Embora representem apenas uma pequena fração dos 3,5 milhões de trabalhadores do setor público da Argentina, os cortes de Milei devem enfrentar mais resistência por parte dos poderosos sindicatos do país, e podem pôr em risco seus índices de aprovação elevados.

Um sindicato que representa alguns servidores entrou em greve na terça-feira, enquanto dados do mercado de trabalho mostraram que os trabalhadores do setor privado sofreram a pior perda salarial mensal em pelo menos três décadas quando Milei assumiu o cargo em dezembro.

Após os comentários do presidente, o líder de um sindicato de servidores rapidamente retrucou na rede social X, anunciando uma greve nacional, sem dar mais detalhes.

Milei citou pesquisas que mostram que os argentinos estão mais otimistas sobre o futuro da economia, e um indicador recente de confiança no governo aumentou apesar de suas medidas de austeridade.

“As pessoas têm esperança, estão vendo a luz no fim do túnel”, concluiu Milei.

Quanto ao câmbio, Milei disse que os contratos futuros de peso estão alinhados com o modelo de depreciação progressiva do banco central, conhecido como “crawling peg”, e classificou de “ridículos” os apelos por uma nova desvalorização drástica da moeda.

Ele disse que o banco central argentino caminha para alcançar reservas líquidas neutras, comparado a passivos de dívida que ultrapassavam o caixa em US$ 11,5 bilhões em dezembro.

Seus esforços para reformar a economia argentina serão redobrados após as eleições parlamentares de 2025, com mais de 3 mil reformas nos planos do governo, disse.

Ele descreveu a rejeição de seu decreto de emergência no Senado como “maravilhosa” porque deixou expostos “todos os dedos sujos” de políticos que ele chama de “delinquentes”.

Milei disse que espera uma recuperação econômica em forma de “V”.

Manuela Tobias/Folhapress
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